A UNITA lamentou hoje a atitude da Polícia Nacional e dos efectivos da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) que travaram a manifestação de alguns jovens que queriam protestar defronte ao edifício da Assembleia Nacional, onde o Presidente da República, João Lourenço, fez o discurso do estado da Nação no arranque da 3ª sessão legislativa da 4ª Legislatura.
Já durante a intervenção do Chefe de Estado, enquanto o grupo parlamentar do MPLA batia efusivas palmas, na oposição, nomeadamente da UNITA, ouviam-se alguns protestos, aos quais, João Lourenço foi dizendo que em breve teriam o discurso na íntegra impresso e na sua posse para poderem analisar com tempo. No final da sua intervenção, João Lourenço deixou um recado a propósito: "O apressado come cru!".
"Como é que o Presidente da República fala em liberdade de expressão enquanto a Polícia Nacional e outras forças da ordem travam os jovens que queriam fazer uma manifestação pacífica?", Interrogou-se o deputado da UNITA David Mendes (na foto).
Cerca de duas dezenas de jovens que tentaram concentrar-se nas imediações da Ponte do Zamba-2, em Luanda, com objectivo de se dirigirem para as proximidades da Assembleia Nacional, foram travados pela polícia, tendo mesmo ocorrido algumas detenções temporárias.
"Violar o direito à manifestação é um retrocesso à democracia", lamentou David Mendes, frisando que o seu partido exibiu um "cartão amarelo" ao Presidente da República para lhe dizer que no próximo discurso poderá levar o vermelho.
O líder do grupo parlamentar da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, criticou João Lourenço por não ter falado sobre a realização das eleições autárquicas de 2020.
"O Presidente da República não falou sobre autarquias locais, a excepção foi do presidente da Assembleia Nacional. Isso avoluma as especulações que ai circulam de que no próximo ano não haverá eleições autárquicas, de as eleições autárquicas vão ser adiadas", acrescentou.
Segundo este deputado, o Presidente da República não fez um discurso futurista e limitou-se apenas a fazer o balanço dos dois anos da sua governação.
O presidente do PRS, Benedito Daniel, queria ouvir o Chefe de Estado revelar os nomes das pessoas que esconderam o dinheiro no estrangeiro.
"Não sabemos o valor do dinheiro que o Executivo já recuperou e como vai ser aplicado", acrescentou.
O deputado do MPLA, Álvaro de Boavida Neto, elogiou a intervenção de João Lourenço que disse ter servido para fazer o balanço da sua governação de dois anos.
"O senhor Presidente apresentou números. Estamos confiantes de que a crise económica que assola o País será ultrapassada", acrescentou, sublinhando a forma como João Lourenço explicou ao País o que está a fazer Para melhorar a vida das pessoas e resolver a crise económica.
O economista Esteves Singui referiu que o Chefe de Estado anunciou a criação de 160.000 postos de trabalho, mas não adiantou os empregos perdidos nesse mesmo período de dois anos. "Faltou ao Presidente da República anunciar os postos de trabalho perdidos. Será que 160 mil novos empregos existem mesmo?".
A ministra de Estado para Acção Social, Carolina Cerqueira, elogiou os esforços do Executivo sobre a seca e fome que assola a região sul de Angola.
"Há muitas críticas das pessoas sobre o Governo no que diz respeito à situação no sul do País, mas valeu a pena o Presidente da República apresentar dados sobre a real situação", observou.
O sociólogo Esteves Samuel Sunda entende que durante duas horas do seu discurso o Presidente da República perdeu-se em muitos detalhes.
"Queríamos saber que Angola teremos daqui para diante. Isso João Lourenço não esclareceu directamente", notou.