Ao Novo Jornal, os representantes da UNITA, CASA, PRS e FNLA asseguraram que, embora o Chefe do Estado não tenha avançado a data, vão retomar com empenho os trabalhos legislativos, com o objectivo de discutir temas de grande importância para o País.
Para a UNITA, na voz da vice-presidente do grupo parlamentar, Navita Ngola, a intervenção do Presidente da República, João Lourenço, "peca" por apresentar argumentos "não convincentes" à volta da realização das eleições autárquicas no País.
"A Constituição aprovada pelo próprio MPLA continua a ser violada. Não se compreende que que o PR, num discurso à Nação não faça referência às autarquias nem às eleições gerais", lamentou.
"É um ano legislativo apertado, no meio da pandemia de covid-19, os partidos políticos vão traçar estratégias de olhos virados para as eleições autárquicas, não obstante o Presidente da República não ter avançado a data", disse a deputada da UNITA, Navita Ngola.
"Foi mais um discurso de números e não traçou perspectivas para o País sair da crise económica onde se encontra mergulhada", acrescentou.
O presidente da CASA-CE, André Mendes de Carvalho, queria que o Chefe do Estado anunciasse pelo menos o ano da realização das eleições autárquicas nesta sua intervenção.
"Ninguém sabe quanto é que este exercício tão importante para o bem da descentralização do poder vai acontecer, 45 anos depois da independência de Angola", referiu, reconhecendo que "alguma coisa foi feita durante a governação de João Lourenço nestes últimos três anos".
"O Executivo deve fazer um profundo diagnóstico sobre a pobreza, a miséria, mortes descontroladas nos hospitais e a sociedade a desmoronar-se", acrescentou.
O presidente do PRS, Benedito Daniel, que já esperava esta novidade (não marcação da data da realização das eleições autárquicas), afirmou que o desenvolvimento do País continuará a ser adiado enquanto existir centralização do poder.
"Foi um discurso para fazer um balanço que não teve impacto na vida das populações. Queríamos ouvir soluções nesta intervenção, o que não aconteceu", frisou, acrescentando que as medidas sobre o emprego, diversificação e passos a tomar sobre a situação da Saúde no País não ficaram bem claras.
"Queremos acções e não discursos de números", insistiu, sublinhando que o Chefe do Estado deveria fazer referência ao escândalo de corrupção que envolve o seu chefe de gabinete.
O seu homólogo da FNLA, Lucas Ngonda, reconheceu que o discurso trouxe algumas novidades em termos de dados estatísticos, em relação ao ano parlamentar anterior.
"No que diz respeito ao emprego, ouvimos falar da criação de 19 mil postos de trabalho em 2019, informações financeiras no sector petrolífero (...), no comércio e agricultura. Isso é já muito bom", destacou, lamentando a omissão da data da realização das eleições autárquicas.
O deputado do MPLA, João Pinto, garantiu que depois da conclusão do pacote legislativo autárquico, o Executivo estará em condições de avançar a data para a concretização das primeiras eleições autárquicas no País.
"Vamos iniciar o ano parlamentar e acredito que até no final deste ano, podemos aprovar a última proposta de Lei que tem a ver com a institucionalização das autarquias em Angola", defendeu.