Marcolino Moco discursava como convidado na sessão de abertura do II congresso ordinário da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que amanhã termina em Luanda, e contou com a presença dos partidos portugueses PSD, BE e CDS-PP.
Em declarações à imprensa, o também ex-secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) referiu que a sua abordagem respondia directamente a Paulo Portas, que defendeu recentemente que os portugueses "não devem ensinar aos angolanos como devem ser angolanos".
"Eu respondi diretamente ao Dr. Paulo Portas, que diz que o problema da repressão em Angola, no fundo mesmo quando afecta luso-angolanos, no caso do Luaty, é um problema dos angolanos, para eles só interessa os negócios, porque senão os lugares serão ocupados pelos chineses, franceses", disse Marcolino Moco.
De acordo com o militante crítico do MPLA, "Portugal não é China", já que tem responsabilidade sobre Angola.
"Porque nós temos sangue misturado, os portugueses estão aqui há cinco séculos. Os portugueses nos colonizaram e propiciaram uma descolonização traumática, nós também fomos culpados, a nossa liderança também não foi capaz de se unir para a paz, como fez por exemplo Mandela, temos que também saber nos autocriticar", frisou.
Marcolino Moco acusou Portugal de não ter sido capaz de estabelecer uma descolonização pacífica, em que todos ganhariam "e continuam no mesmo erro".
"Cometeram erro quando chegaram aqui, obrigaram os nossos antepassados a transformar os jovens em escravos, por isso é que Angola deveria ter 50 milhões de pessoas, mas só tem 20, primeiro erro. Segundo erro não souberam descolonizar, agora estão no terceiro erro, ou quarto ou quinto, em que só quer fazer negócios", lamentou.
Marcolino Moco acusa os partidos políticos portugueses de passividade, por não serem capazes de dizer ao Presidente José Eduardo dos Santos para não "reprimir a juventude".
"Pelo menos que digam nas conversas à porta fechada, pelo menos isso, mas nós sabemos que nem isso eles são capazes de fazer, ficam com a boca fechada, que é para ganhar dinheiro através dos negociantes que eles apoiam, e ainda dizem-no descaradamente, quando há empresários que são ao mesmo tempo ministros aqui em Angola", criticou.
A indignação de Marcolino Moco vai também para os negócios supostamente realizados por generais angolanos, com "suspeitas de branqueamento de capitais em Portugal".
"E o Dr. Paulo Portas e outros dirigentes portugueses dizem que esses processos devem ser arquivados, porque senão estamos a jurisdicionalizar as relações com Angola, não pode ser isso", disse.