Dentre as premissas destacadas pelo antigo primeiro-ministro de Angola, sobressai a de servir um partido que respeite a razoabilidade dos actos de Estado, a diversidade de opiniões dentro de si e que consiga estabelecer uma plataforma de entendimento, de natureza material, com os outros partidos.
Marcolino Moco elegeu ainda outros princípios, o respeito com toda a sociedade, no sentido de fixar definitivamente um ambiente de paz, reconciliação e harmonia nacionais, mínimas.
Marcolino Moco referiu ainda, em declarações ao Novo Jornal Online, que sempre afirmou a sua dedicação e prioridade ao "serviço do bem comum" que se pode realizar, igualmente, fora dos marcos de qualquer militância partidária.
"Aliás, estes cerca de oito anos em que suspendi a minha actividade político-partidária, dedicando-me justamente a um vigoroso mas pacífico combate pela razoabilidade dos actos dos homens de Estado, em Angola, demonstraram a justeza e a necessidade da existência de vocações deste tipo", argumentou.
"Quem acompanha, desde a última terça-feira, o acto ignóbil que consistiu num aproveitamento desonesto da sua presença na palestra - para a qual fui convidado como escritor - do candidato do MPLA, João Lourenço, aos homens de cultura e artes, pode facilmente concluir (...) pelas esperanças que parte significativa da sociedade tem depositado sobre o lugar apartidário que tenho ocupado", apontou.
Por outro lado, Marcolino Moco considerou de "deplorável" a V Sessão Legislativa da III Legislatura da Assembleia Nacional que ontem encerrou.
"Esta legislatura foi, a todos os títulos, deplorável. Para que os resultados fossem diferentes, e contribuíssem para a melhoria da imagem do nosso Estado (dentro e fora) e para melhoria de vida dos seus cidadãos, era necessário que se cumprisse o grande objectivo porque lutamos, pelo menos desde 1991, passando pela instauração da Segunda República, em 1992 a consolidação de uma verdadeira paz e reconciliação nacionais", referiu.
Para o ex-secretário geral do MPLA, "é a falta dessa verdadeira paz e reconciliação nacionais que fez, por exemplo, que quem governou, retirasse a capacidade da função fiscalizadora do próprio parlamento".
"Abafou-se a voz da oposição, imobilizou-se o sistema judicial e controlou-se, até às presentes eleições, o sistema comunicacional, de tal modo que todos os actos, dos mais antiéticos e imorais políticos e administrativos, tivessem lugar", frisou.
Moco lamentou que a situação tenha chegado a tal ponto que o próprio partido da situação, não a pôde ignorar, na sua campanha, depois de terem provocado prejuízos de monta, na reputação do país, que se vê hoje a braços, na tentativa de substituir, urgentemente, um modelo de exportação de apenas um recurso natural por um modelo de diversificação económica.
"Quem governa num ambiente reconciliado não precisa de proceder a estes cortes, ao funcionamento de um Estado democrático e de direito, mesmo nas condições de África", notou.
"Má legislatura, apenas maravilhosa na pomposidade do edifício parlamentar e resultados, no mínimo desastrados, em todos os domínios da vida, com certos picos de verdadeiras catástrofes nacionais, especialmente, no domínio da saúde", concluiu.