Ainda no âmbito da entrevista concedida à agencia Lusa no passado fim-de-semana, o ex-governante, que integrou o Governo de 1992 a 1996, defendeu que o diz-que-disse à volta dos alegados negócios dos generais é estratégico.
"Fala-se muito dos generais, mas acho que isso é um pouco arranjar um bode expiatório. Que generais? Quantos generais é que efectivamente pertencem a esse grupo restrito? Há generais que enriqueceram num período, inevitavelmente, em que tinham de enriquecer", afirmou.
"No período da guerra estavam nas zonas dos diamantes. Mas hoje dedicam-se ao negócio, não são governantes. Às vezes faz-se um pouco de mistura. Sei que nem todos são tão ricos ou beneficiados assim. Fala-se de generais para amedrontar as pessoas. Se discutirmos - discutir, não é derrubar - o regime, fala-se logo de generais, de pessoas que querem derrubar (o Governo)", argumentou.
Para Marcolino Moco, com esta questão "procura-se evitar a verdadeira discussão do problema, alegando que o problema é muito sério porque os generais podem levantar-se. Não vejo isso assim. O problema é o da exclusão da maioria angolana, que é feito por meia dúzia de pessoas".
Apesar de apontar o dedo sobretudo à "família do Presidente da República", Marcolino Moco notou que alguns generais já não o deveriam ser por estarem a exercer funções ministeriais.
"São esses que efectivamente preocupam", conclui o antigo primeiro-ministro.