Os resultados das últimas eleições acentuam a perda de terreno do MPLA junto do eleitorado, expressa sobretudo na votação obtida em Luanda, onde a UNITA e a CASA-CE conseguiram juntas mais votos do que o MPLA.
"O que aconteceu em Luanda, onde o MPLA conseguiu três deputados é mau resultado. Luanda é a principal praça eleitoral. Se não corrigirem as coisas teremos o futuro ameaçado", advertiu o antigo combatente do MPLA, Martinho Kaluty.
Para este militante, que falou ao Novo Jornal Online, o deslize dos "Camaradas" tem que ver com algumas políticas do Executivo mal implementadas.
A curva descendente do partido no poder indica que nas eleições gerais de 2008 conseguiu 82,62% dos votos, o que lhe ajudou a aprovar a Constituição em 2010, em 2012 recuou para 74,46% dos votos, elegendo 175 deputados, e agora não vai além dos 60,1%, segundo os resultados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
"Os meninos que terminaram o Ensino Superior não têm onde trabalhar e passam a vida beber, por falta de emprego. Os ex-militares não sabem o que fazer e essa situação toda não é boa para um partido que governa desde 1975", critica o reformado Domingos Nsimbo.
Para este militante, se o Governo não rever a situação do desemprego, sobretudo no seio da juventude e ex-militares, as próximas eleições poderão criar dificuldades acrescidas ao MPLA.
Mais optimista do que os seus correligionários, o professor universitário, Ramos Kimba, confia que o futuro Executivo liderado por João Lourenço fará algo para ultrapassar o conjunto de problemas que afecta a sociedade.
"Muitas promessas foram feitas e, o povo está expectante que João Lourenço e seu staff não irão decepcionar", acredita.
Maioria esmagadora do MPLA em cinco províncias
O voto de confiança dos eleitores no trabalho do MPLA, cada vez menor em Luanda, tornou-se esmagador em cinco províncias do país, onde a oposição não conseguiu eleger deputados. São elas: Malanje, Cunene, Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, e Huíla, onde o MPLA conseguiu eleger no círculo local cinco deputados.
O resultado repete o desfecho obtido em 2012, quando estas províncias deram, igualmente, a maioria esmagadora ao MPLA.
O primeiro secretário do MPLA em Malanje, Norberto dos Santos "Kwata-Kanawa" reconheceu que o trabalho não foi fácil. "Está de parabéns o povo de Malanje por ter depositado a confiança no MPLA", assinalou.
Por outro lado, o primeiro secretário do Kwanza-Norte, José Maria Ferraz destacou a vitória do MPLA na sua província afirmando que "o objectivo foi cumprido". "Trabalhamos para o MPLA ganhar", resumiu.
Para o primeiro secretário do MPLA, na Huíla, a segunda praça eleitoral do país, a vitória confirma a mobilização que foi feita junto do eleitorado.
"Aqui os votos estarão sempre garantidos para o MPLA", confirmou o primeiro secretário, João Marcelino Tyipinge.
Angola realizou eleições gerais a 23 de Agosto, às quais concorreram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de votos, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas já instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.