O porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, que leu a declaração conjunta, disse que "Angola conhece a sua mais profunda crise social e económica (de sempre) criada pelas políticas erradas impostas aos angolanos pelo Executivo e pelo partido do Governo".
"Aprofunda ainda mais a crise económica e social a imparável corrupção a todos os níveis praticada por servidores públicos, da base ao topo", diz a declaração, admitindo que "a corrupção cria dificuldades às empresas, aos cidadãos e aos investidores estrangeiros para, em troca, os corruptos venderem favores, descredibilizando o Estado".
A declaração alerta o Executivo para que reveja a sua estratégia de combate à corrupção e não "adormeça na recuperação de empreendimentos já falidos, que apenas agregam custos ao Orçamento Geral do Estado deixando de fora os largos milhares de milhões roubados a todos os angolanos".
"É urgente dar corpo à Alta Autoridade Contra a Corrupção e Contra a Impunidade, independente e subtraída do controlo partidário", alerta a declaração, salientando que a crise acontece numa altura em que "as liberdades são limitadas e os cidadãos são mortos simplesmente por terem saído à rua, à luz do dia, sem armas, para exigirem os seus direitos"
"Assim, nós os signatários da presente declaração, proclamamos e anunciamos, solenemente, à opinião pública nacional e internacional, a nossa franca e resoluta predisposição de integrar e coordenar o esforço comum participado por todas as forças patrióticas, singulares e colectivas, para mudar a situação do nosso País, no sentido da democracia efectiva, das liberdades e do desenvolvimento económico e social das comunidades e dos cidadãos", afirma o documento.
Relativamente à justiça, a declaração considera que é "imperioso que a justiça assuma uma posição independente e auto-dignificante".
"O sistema jurídico angolano não pode continuar completamente dependente do Executivo e não deve permitir que seja usado para escamotear a torrente de sangue das vítimas do massacre de Cafunfo", lê-se no documento.
Sobre as eleições, o documento refere que a manutenção na presidência da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Manuel Pereira da Silva "Manico", contestado por todos os partidos políticos da oposição, configura "um atentado à lisura, à transparência e a fiabilidade do órgão".
No que diz respeito aos alegados negócios do Presidente da República, João Lourenço, e aliados investigados nos EUA, segundo a consultora Pangea Risk, em nome dos três signatários da declaração, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, disse tomar contacto da informação, frisando que a informação preocupa os angolanos e que se deve aguardar "porque a situação é preocupante".
"Temos vindo a denunciar que, no Executivo do Presidente João Lourenço, 97 por cento de contratação pública beneficia amigos e família. É na contratação pública onde se encontra o grosso da corrupção", acrescentou.
Abel Chivukuvuku, que se apresentou neste encontro na qualidade de coordenador da comissão instaladora do PRA-JÁ Servir Angola, ao qual o TC negou a transformação em partido, referiu que a situação de investigação contra os dirigentes angolanos no exterior não é nova, por isso, defendeu "unidade para derrubar o MPLA no poder".
O presidente do Bloco (BD) Democrático, Justino Pinto de Andrade, sublinhou que esta união "é para ajudar o MPLA a ir para a oposição, porque não é possível que ao fim de 45 anos os angolanos continuarem a sofrer".