Numa ronda feita pelo Novo Jornal pela cidade de Luanda, para onde está marcada uma manifestação organizada por movimentos da sociedade civil contra o desemprego e, entre outros, pela realização das eleições autárquicas, foi possível verificar que os acessos de Cacuaco, Benfica, ou Viana estavam fortemente vigiados pelas forças de segurança como estratégia profiláctica para evitar a concentração dos manifestantes, que, apesar disso, acabou por acontecer.
Os agentes da polícia interrogavam mesmo todos aqueles que apresentavam um perfil coerente com a natureza da manifestação, fortemente vocacionada para os jovens, perguntando-lhes qual o motivo da ida à cidade de Luanda no dia da Independência Nacional.
Nessa mesma ronda, o Novo Jornal constatou ainda que as forças de segurança, ao contrário do que sucedeu a 24 de Outubro, quando teve lugar uma manifestação com idênticos propósitos, optaram por colocar um número considerável de agentes com trajes civis - à paisana - para garantir uma vigilância mais eficaz e menos musculada.
Foi ainda possível perceber que pequenos grupos de jovens se dirigiam para pontos previamente escolhidos para concentrações secundárias, ganhando depois alguma dimensão, já com várias dezenas de jovens, na proximidade do Cemitério da Santana, onde a polícia reforçou consideravelmente o seu dispositivo, incluindo as forças anti-motim e usou gás lacrimogéneo para os dispersar. Foram feitas detenções.
Entretanto, logo depois da deposição da coroa de flores no Memorial Dr. António Agostinho Neto, o Presidente da República, João Lourenço, seguiu, cerca das 09:15, para o Hotel Intercontinental Miramar, no Miramar, uma unidade hoteleira que faz parte dos bens nacionalizados, que é hoje inaugurado igualmente no âmbito da agenda das comemorações do 11 de Novembro.
Este ano a agenda das comemorações da Independência foi elaborada tendo em conta as fortes restrições aconselhadas pela pandemia e pela situação de calamidade pública em que o País se encontra, tendo começado com o içar da bandeia pelas 07:00.
O programa dos festejos dos 45 anos da Dipanda destacava ainda a ida do Presidente ao Memorial Agostinho Neto e a inauguração da unidade hoteleira, no Miramar.
Recorde-se que a manifestação convocada pelos Movimento Revolucionário e Movimento pela Cidadania, foi proibida pelo Governo Provincial de Luanda, alegando questões de natureza burocrática, como falta de elementos de identificação dos organizadores.
Este protesto tem carácter nacional, estando igualmente agendadas manifestações para outras províncias.