O réu tailandês Theera Buapeng disse ao tribunal que tem dificuldades em perceber o intérprete angolano, e que seria melhor esperar por um outro tradutor, que virá indicado pela embaixada da Tailândia, na África do Sul, na próxima semana, a pedido do TS.
O colectivo de juiz deste julgamento entendeu que se tratava de uma manobra do réu Buapeng, por não querer cooperar com a justiça, e pediu que se levantasse a ré Monthita Pribwai, 28 anos (esposa do réu Raveeroj), para confrontar se o que estava a dizer o intérprete angolano correspondia àquilo que o réu tailandês Theera Buapeng dizia de facto.
Na primeira pergunta, "quantos anos tem o réu, o intérprete angolano traduziu que o réu tem 35 anos enquanto a ré Monthita traduziu como 34 anos.
Instado a traduzir há quanto tempo o réu Theera Buapeng está em Angola, o intérprete disse que o réu está em Angola há dois anos e dois meses, enquanto a ré Monthita traduziu que o réu está em Angola há um ano e quatro meses.
O clima na sala de audiência foi de risadas por parte da assistência e dos advogados dos réus, bem como dos réus angolanos, com destaque para a ré Celeste de Brito.
Sempre que o intérprete angolano tentava traduzir em "tai", o réu tailandês Theera Buapeng ria-se, uma situação que criou um ambiente de gargalhadas entre os presentes, que fez com que o juiz do julgamento, Domingos Mesquita, suspendesse a audiência desta terça-feira, informando que, nos termos na lei, o tribunal continuará a realizar diligências até ao dia 25 deste mês.
"Se se esgotarem as diligências sem que se encontre um intérprete idóneo, prosseguir-se-á a tradução nos termos em que se procedeu na fase de instrução preparatória: no SIC, com os réus que se expressam na língua tailandesa "tai".
O TS decidiu que fica suspensa até à próxima terça-feira,26, a sessão de julgamento deste mediático caso "Burla à Tailandesa", em que estão envolvidos os angolanos Celeste de Brito, Norberto Garcia, Arsénio Manuel e Cristinian Lemos.
Para além dos quatros angolanos, nos autos estão envolvidos igualmente quatro tailandeses, um canadiano e um etíope, acusados da prática dos crimes de associação criminosa, fabrico e falsificação de títulos de crédito, falsificação de documentos e uso de documentos falsos, burla por defraudação na forma frustrada, promoção e auxílio à imigração ilegal e tráfico de influência.