A direcção clínica do Hospital Pediátrico "David Bernardino" reconhece que a ausência deste aparelho que permite fazer endoscopias, um dos procedimentos diagnósticos mais comuns entre os gastroenterologistas, que, além de detectar possíveis problemas dentro do corpo, também pode ser terapêutico.
Os progenitores da pequena Chelsea Figueira, a criança de um ano e nove meses que nasceu na província de Malanje sem o orifício do ânus e está em Luanda para ser tratada, contaram ao Novo Jornal que a criança aguarda por uma cirurgia praticamente desde que nasceu mas ainda não foi operada devido à falta deste equipamento de endoscopia.
A endoscopia, realizada por meio do endoscópio - um fino tubo de fibra ótica flexível que contém câmera e luz-, que permite visualizar o interior de órgãos ou cavidades, assim como obter amostras de tecido, pode ser indicado para crianças, adultos e idosos.
Domingas Figueira, de 22 anos, mãe da pequena Chelsea, diz que o tratamento da filha tem sido adiado consecutivamente.
"No Hospital Pediátrico de Luanda os médicos solicitaram-nos que regressemos após completar seis meses. Passado esse tempo, voltámos e o médico alterou para mais seis, que totalizou 12 meses. No mês de Maio de 2022, completámos o tempo exigido pelo médico, fizemo-nos presente na consulta", continuou a explicar.
Segundo a mãe, para seu espanto, o médico voltou a dizer que tinham de voltar para casa e esperar mais três meses.
No mês de Novembro do ano passado, conforme explicações da jovem mãe, foram informados pelo médico que atendia a filha que cirurgias do género estavam suspensas por falta de material e de equipamento.
"Apenas nos disseram que o aparelho está avariado há um ano, para minha desgraça", lamentou a jovem mãe, que solicita apoio para a realização dos exames e da cirurgia da filha.
"Não temos recursos para levar a Chelsea para uma clínica, somos camponeses da província de Malanje e estamos em Luanda em casa alheia para cuidar da saúde da nossa filha", descreveu.
Sobre este assunto, o Novo Jornal ouviu a direcção clínica do Hospital Pediátrico de Luanda "David Bernardino". Não querendo ser identificado, por falta de autorização superior, um alto responsável daquela unidade sanitária contou que a ausência deste aparelho, que já dura há um ano, condiciona o tratamento dos pacientes.
"Temos consciência do problema e estamos a fazer o possível para a aquisição de um aparelho no exterior do País", contou.
Segundo este funcionário, são várias as crianças que estão à espera, em situação idêntica à da pequena Chelsea, no Hospital Pediátrico de Luanda.
"Com a chegada do aparelho, pensamos dar início às cirurgias", contou, reconhecendo que não é apenas a pequena Chelsea que continua à espera do aparelho.
Na insistência para um esclarecimento, o Novo Jornal contactou o secretário de Estado do Ministério da Saúde para a área hospitalar, Leonardo Inocêncio, mas este responsável ministerial não respondeu, até ao momento, à solicitação.