A Moody"s junta-se assim à Standard & Poor's e à Fitch na degradação da análise que fazem para o futuro da economia angolana, todas alinhando na ideia de que as finanças nacionais estão a atravessar uma tempestade com a agravante de as condições de financiamento do País se terem degradado de forma substancial nos últimos meses.
Desta feita, depois de as outras duas agências o terem feito há cerca de um mês, a Moody"s, numa nota citada pela imprensa portuguesa que replica uma notícia da Lusa, justifica esta colocação de Angola em posição de eventual revisão em baixa do seu "rating" com a "magnitude do choque devido à forte queda dos preços do petróleo e a um forte aperto nas condições globais de financiamento, que afectam as já de si fracas finanças públicas e posição externa, e pelas elevadas necessidades de financiamento".
"A fraca capacidade governativa, apesar das várias reformas implementadas nos últimos anos, mina a capacidade do Governo para responder a este choque e é um fio condutor desta acção de 'rating'", salienta ainda a nota da Moody"s.
Apesar de esta ser apenas uma indicação de sentido para o momento em que, efectivamente, a agência vai rever o rating de Angola, o que sucederá entre duas a quatro semanas, pouco ou nada pode fazer o Governo de João Lourenço visto que o aperto financeiro é muito vincado fruto da crise que o mundo atravessa por causa da pandemia da Covid-19 e, na linha da frente das causas, a perda de mais de 70 por cento no valor do barril de petróleo exportado por Angola.
O barril de Brent, vendido em Londres, está hoje a reflectir em forte baixa a cada vez mais evidente quebra na procura global por petróleo em resultado directo da crise económica provocada pela pandemia da Covid-19 que, desde Dezembro, se está a espalhar por todos os continentes depois de ter sido detectada na cidade chinesa de Wuhan.
A ajudar nesta perda de valor da matéria-prima da qual depende o vigor da economia angolana, por contribuir em mais de 95 por cento para o total das exportações nacionais, estão os dados revelados nas últimas horas pelo Instituto Americano do Petróleo sobre um aumento muito pronunciado dos stocks da maior economia planetária e maior consumidor de crude em todo o mundo - mais 10,5 milhões de barris, ultrapassando em quase 50% o estimado pelos analistas - só equiparável ao consumo da China.
O início de Abril, tal como sucede desde o início do ano, mostra que a crise que o mundo atravessa está para durar, como o evidencia o preço que os gráficos do Brent londrino, onde é definido o valor médio das exportações nacionais.
Cerca das 09:30, o barril estava a valer 24,9 USD, menos 5,40 % que no fecho de terça-feira, o que é um valor que não se repete praticamente há duas décadas, embora a brutalidade da queda seja ainda mais "sonora" se se tiver em conta que desde Janeiro o barril já caiu 70%, dos 66 USD para os actuais 24.