Os auditores da Deloitte consideram, segundo a última edição do semanário Expansão, que os lucros do FSDEA, que somam 44 milhões de dólares norte-americanos em 2016, revestem-se de alguma "subjectividade", notando ainda que se trata de números resultantes da contabilização de "mais-valias potenciais" em virtude dos investimentos do fundo em subsidiárias.
Como adianta ainda o Expansão, e segundo os técnicos da Deloitte, estas mais-valias potenciais resultam de alguns dados subjectivos como, por exemplo, e no alinhamento das normais internacionais de contabilidade, serem registados com o seu "valor justo" e não com o "valor de aquisição".
Também a Economist Intelligence Unit,, citada pela Lusa, considera que os lucros do Fundo Soberano de Angola, alcançados pela primeira vez, são um "desenvolvimento positivo", mas salienta que a vantagem para os cofres do Estado "não é clara".
"O desempenho melhorado do Fundo, pelo menos no papel, é um desenvolvimento positivo dada a actual volatilidade nos mercados globais", escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista 'The Economist'.
No comentário à divulgação dos resultados de 2016, enviado aos analistas, a EIU diz que, "apesar de mais activos quererem dizer potencialmente mais dinheiro para investir na economia nacional e regional, o benefício maior do fundo para o Governo de Angola é menos claro".
Isto acontece, explicam os analistas, porque, "ao contrário de outros fundos africanos, o FSDEA não tem um papel explícito de estabilização da economia, o que significa, por exemplo, que não pode ser usado para compensar as reservas internacionais quando estiverem sob pressão por causa do baixo preço do petróleo, a maior exportação do país".
O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) alcançou, em 2016, um resultado líquido de 44 milhões de dólares e uma redução de despesas operacionais de 40% comparativamente a 2015, ano em que teve prejuízos de 134 milhões de dólares.
O que diz o Fundo
Em comunicado de imprensa, o FSDEA, liderado por José Filomeno dos Santos, sublinha que os rendimentos resultam de uma "política de investimento prudente e do retorno positivo dos investimentos no ramo da agricultura e das infra-estruturas".
Os activos totais do FSDEA passaram de 4,75 mil milhões de dólares, em 2015, para 4,99 mil milhões de dólares em 2016, tendo 58% da carteira total sido dedicada a activos na África subsariana, 10% na América do Norte, 12% na Europa e 20% no resto do mundo.