A direcção da UNITA reagiu hoje, 10, através de um comunicado, ao escândalo dos Paradise Papers, que expõe milhões de documentos sobre transferências e investimentos milionários em paraísos fiscais, incluindo operações realizadas pelo Fundo Soberano de Angola (FSDEA) em benefício de Jean-Claude Bastos de Morais, principal gestor e amigo do presidente do conselho de administração do Fundo, José Filomeno dos Santos.
"Infelizmente, as denúncias trazidas a público por mais um escândalo financeiro designado por "Paradise Papers" representam mais uma prova da forma como Angola tem sido saqueada, décadas a fio, pelos mesmos delapidadores do erário público, pertença de todos os angolanos", lê-se no comunicado, no qual o maior partido da oposição exige responsabilidades.
Para o efeito, o "Galo Negro" impõe que a Procuradoria-Geral da República exerça as suas obrigações constitucionais e legais, "de modo a investigar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos nesses actos vergonhosos, tornados públicos pelo "Paradise Papers".
Ao mesmo tempo, "a UNITA vai exigir com urgência a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar responsabilidades políticas e administrativas no descaminho de verbas do Fundo Soberano de Angola (FSDEA)", refere o comunicado.
Segundo os "Maninhos" é também hora de o Executivo liderado pelo MPLA mostrar que não se pode ficar apenas pelas palavras, demonstrando que está mesmo empenhado em corrigir o que tem estado mal no país ao longo destes anos.
O Fundo Soberano de Angola (FSDEA) foi criado pelo Executivo angolano em 2012 para "promover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento socioeconómico" do país, missão que garante cumprir dentro das leis, rejeitando as alegações trazidas a público pelos Paradise Papers.
Em 2013 o Governo atribuiu ao Fundo Soberano de Angola uma dotação de 5 mil milhões de dólares, com a transferência de 1,35 mil milhões de dólares em Junho de 2014.
Com sede em Luanda, este fundo gere uma carteira de investimentos e activos distribuídos por várias indústrias e classes, incluindo acções públicas e privadas, obrigações, moeda estrangeira, derivados financeiros, títulos do tesouro ou fundos imobiliários, entre outros.
A recondução de José Filomeno dos Santos, Zenu, na liderança do Fundo Soberano em 2015 gerou polémica, no seio da oposição. Na altura, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, considerou que a atitude do então Presidente José Eduardo dos Santos representava a insistência na violação da Lei da Probidade Pública que o próprio mandou aprovar na Assembleia Nacional.