Estas oscilações de humor dos mercados está a ser provocada pela decisão da OPEP+ em manter plano de recuperação da produção para Fevereiro nos + 400 mil barris/dia, e dados dos stocks nos EUA, a maior economia do mundo, e o maior consumidor de crude planetário, acima do esperado, mais 10 milhões de barris na semana passada, indiciando constrangimentos na economia do país, muito por causa da renovada ameaça da Covid-19 motorizada pela variante Ómicron.
Apesar deste contexto difícil, com a retoma da economia mundial, que fora dada quase como garantida nos últimos meses de 2021, está severamente afectada com a expansão rápida e sólida da infecção pelo Sars CoV-2 devido à variante Ómicron, que tomou conta do mundo em tempo recorde, impondo de novo o pânico generalizado mas já em fade out com a admissão por parte da comunidade científica de que se trata de uma estirpe menos agressiva para os humanos, com muito menos internamentos e um claramente reduzido número de fatalidades quando comparada com a anterior, a Delta.
Os analistas começam agora a perspectivar um primeiro semestre positivo para os mercados petrolíferos, mesmo que no primeiro trimestre ainda possam subsistir alguns percalços, estando mesmo a ser retomadas as primeiras previsões feitas pelas grandes casas financeiras, como a Goldman Sachs, que apontavam, em finais de 2021, para que o barril atinja os 100 USD ao longo deste ano.
Para Angola e o Executivo de João Lourenço, estas são boas indicações, primeiro porque o País vive, desde 2014, quando o barril iniciou uma queda abrupta dos mais de 100 USD para menos de 30, dois anos depois, gerando uma crise que ainda perdura, tendo mesmo sido potenciada pela Covid-19; e em segundo, porque, em ano de eleições, o Governo tem problemas substanciais para resolver, como, entre outros, a questão da extrema pobreza e fome, que precisa erradicar de forma acelerada.
Com este contexto, o barril de Brent, que é determinante para o estabelecimento do valor médio das ramas exportadas por Angola, estava a valer mais de 80 a meio da manhã de hoje, enquanto o WTI, em Nova Iorque, valia perto de 78, ambos com subidas, oscilantes mas que chegaram a ser de mais de 0,50%, face ao fecho das sessões de quarta-feira.
E vale ainda a pena ter em conta que na quarta-feira, o barril, dos dois lados do Atlântico, baterem recordes de Novembro.
Apesar de ser evidente que estes dados são uma lufada de ar fresco na economia angolana, o Ministério dos Petróleos, mesmo que tenha acabado de deixar o cargo de líder da OPEP no início deste ano, para a Argélia, nada avança sobre qual a posição de Luanda nas discussões importantes no seio do "cartel".
Mesmo que o petróleo ainda seja 95% do total das exportações nacionais, mais de 34% do PIB e represente 60% do total das despesas do Executivo, tendo o OGE 2022 sido elaborado com base num preço de referência do barril nos 59 USD, o que substancia um excedente importante para a gestão do Governo de João Lourenço.