Ao chegar aos 86,21 USD perto das 09:40 desta segunda-feira, hora de Luanda, o Brent bateu um recorde de quase quatro anos, enquanto o WTI, em Nova Iorque, tinha o mesmo comportamento, atingindo os 84,20, à mesma hora.
Por detrás desta recuperação extraordinária do crude, depois de dois anos esmagado pelos efeitos pandémicos, está a produção que continua sob fortes restrições decididas pela OPEP+, a organização que desde 2017 junta os 13 Países Exportadores (OPEP) e 10 independentes agora liderados pela Rússia, e o fade out que se verifica no impacto da pandemia da Covid-19 na economia global.
A Reuters coloca ainda como factor determinante a aposta dos investidores no sector em como a oferta vai permanecer por um período largo de tempo abaixo da procura, agora que o mundo vê a economia a desembaraçar-se das restrições pandémicas e a esperança a regressar às grandes economias planetárias, com a Europa a retirar os espartilhos, a China a divulgar dados crescentes sobre a sua actividade exportadora e os EUA claramente a deixarem para trás os efeitos do Sars CoV-2 sobre a confiança em dias melhores, apesar do céu cinzento gerado pela subida da inflação e da ameaça da subida das taxas de juros, como sucede no resto do mundo.
O barril de crude tem vindo, com altos e baixos, mas coerentemente numa escalada mensal, a ganhar valor, sendo que na semana que passou, esse crescendo foi ainda mais visível, com o Brent a trepar mais de 6% e o WTI além dos 5%, com a perda de gás da variante Ómicron a ser responsável por esse renascimento.
Com estes dados, recorde-se, o Executivo de João Lourenço tem uma crescente capacidade de gerar receitas para lidar com a grave crise que Angola atravessa, porque, como se sabe, o crude ainda é responsável por 95% das exportações nacionais, mais de 35% do PIB e além dos 60% dos fundos com que o Governo gere as suas despesas.
Isto, tendo ainda como pano de fundo o vigoroso superavit gerado pelo facto de o Orçamento Geral do Estado 2022 ter sido elaborado com o barril a ter um valor médio esperado de 59 USD ao longo do ano.
Com essa marca, e por estes dias, o País conta com um extra relevante de mais de 27 USD por barril exportado, embora o contraste esteja a ser pesado, visto que a produção nacional tem vindo a degradar-se de forma significativa, estando, actualmente, abaixo dos 1,1 milhões de barris por dia (mbpd).
O que compara mal com os mais de 1,7 mbpd de há cerca de uma década, muito porque ocorreu um forte desinvestimento, especialmente desde 2014, quando o crude caiu de mais de 100 USD para pouco mais de 30 em 2016, na produção e na pesquisa, e o mundo começou a acordar para a urgência da transição energética de forma a combater as alterações climáticas.