Nesta primeira reunião do grupo que agrega os 13 Países Exportadores (OPEP) aos 10 não-alinhados, liderados pela Rússia, e que desde 2017 está sintonizado na procura de defender os preços em alta de acordo com as necessidades das suas economias, ficou claro que o "cartel" não vai ceder à pressão internacional para aumentar a produção além do que está planeado.
Os 400 mil barris acrescidos à produção prevista para Fevereiro, que é a mesma quantia aumentada mensalmente desde Julho do ano passado, fica muito longe do que era exigido pelas grandes economias, como a norte-americana, onde o Presidente Joe Biden chegou a acusar este grupo de estar a criar valor artificialmente.
Isto, porque a OPEP+ controla perto de 50% da produção global que está, actualmente, perto dos 95 milhões de barris por dia mas que pode chegar aos 100 fora do contexto pandémico, como sucedia em 2019.
Com esta decisão, a OPEP+, que hoje reuniu por videoconferência, numa das mais aguardadas reuniões em muitos meses, porque dela se chegou a esperar uma cedência aos EUA, Europa e Japão... que acusam estes exportadores de estarem a afunilar o potencial de crescimento mundial devido aos elevados preços da matéria-prima, conseguiu, pelo contrário, levar o Barril de Brent além dos 80 USD, e o WTI de Nova Iorque para cima dos 77, com valorizações acima, em ambos os casos, de 1,5 por cento.
Uma das justificações para esta decisão foi a resiliência da pandemia da Covid-19 que, apesar das massivas camapanhas de vacinação, continua a alastrar, agora por causa da variante Ómicron, que já é dominante em todo o mundo e continua a sua propagação, devido à sua forte transmissibilidade, apesar de ser menos severa para os seres humanos.
A decisão hoje tomada pela OPEP+ é essencial para Angola, que vive desde 2014 uma severa crise económica, devido à baixa abrupta do alor da matéria-prima, fortemente agravada pela Covid-19 a partir de 2020.
Isto, porque o crude ainda vale mais de 40% do PIB, é responsável por 95% das exportações nacionais e de perto de 60% do total das despesas de funcionamento do Executivo de João Lourenço.
Cada dólar acrescido ao barril é fundamental para Angola porque é com este aumento que o Executivo pode fazer face a despesas extraordinárias além do OGE que, para 2022, foi elaborado com um valor médio de referência para o barril de 59 USD.