Depois de EUA e China, o Japão anunciou que também vai libertar parte das suas reservas estratégicas de crude para aumentar a oferta nos mercados de forma a baixar os preços, que têm estado a bater recordes em alta de vários anos nos últimos meses.

O efeito foi imediato e o barril de Brent começou a ser negociado em Londres, descendo abaixo para a fasquia dos 78 USD embora, com o avançar das negociações, a medida tenha recuperado algum do valor perdido inicialmente e, perto das 09:30, hora de Luanda, já estava a valer 79,25 USD, com ligeiros ganhos sobre o fecho da anterior sessão. O mesmo sucedeu com o WTI, em Nova Iorque, que, à mesma hora de Luanda, recuperava para os 76,27 USD.

Mas há um velho inimigo do sector petrolífero que parece estar a voltar para assombrar os mercados. A Covid-19, apesar das massivas campanhas de vacinação, está a ganhar terreno, de novo, na Europa, por causa de países, como a Alemanha, Áustria, Bulgária ou Eslovénia, entre outros, que apresentam altas taxas de negacionistas, com percentagens elevadas de pessoas que recusam tomar as vacinas.

Juntando estes dois elementos, o regresso da Covid-19 à Europa e a libertação das reservas das grandes economias planetárias são, para já, os "carrascos" dos mercados, embora analistas ouvidos pelo media especializados estejam a advertir que o cenário poderá piorar para os países exportadores da matéria-prima porque os efeitos das reservas libertadas ainda não foram cabalmente reflectidos pelos mercados.

No entanto, como sempre ocorre neste complexo mercado da energia, há um elemento que mais cedo ou mais tarde vai-se impor e reverter estes dados que agora são negativos do ponto de vista da economias petrolíferas mais dependentes das exportações de crude, que é o facto de o efeito da libertação das reservas passar seguindo-se-lhe um período de novas subidas abruptas quando os mercados voltarem a estar equilibrados.

O volume das reservas que se estima que possa vir a ser libertado situa-se entre os 100 e os 120 milhões de barris, uma quantidade que equivale a pouco mais de um dia de consumo global de crude, que se situa actualmente perto dos 95 milhões de barris por dia (mbpd), menos 5 mbpd que antes do surgimento da pandemia do novo coronavírus.

Os países que estão actualmente a libertar reservas são os EUA, com, segundo a Reuters, 45 a 60 mbpd, a China, até 30 milhões, 5 mbpd da Índia, e 10 mbpd da Coreia do Sul e do Japão.

Entretanto, a ajudar a este desequilíbrio está o facto de a OPEP+, a organização que desde 2017 junta esforços entre os Países Exportadores (OPEP) e um grupo de não-alinhados liderados pela Rússia, não estar a conseguir cumprir as quotas de produção previstas no programa que desde Julho estima acrescer 400 mil bpd mensalmente até 31 de Dezembro.

Entre os países que estão a falhar as suas metas estão a Guiné Equatorial, o Gabão, Angola e a Nigéria.

Estes dado também se está a reflectir na evolução negativa dos gráficos nos mercados petrolíferos.