O bloco dos emergentes - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,, reunido esta semana em JOanesburgo, abriu a porta a seis novos membros, incluindo ainda a Etiópia, o Egipto e a Argentina, passando assim a controlar agora a produção e não mostra receios de usar o conta-gotas para abastecer o mundo se isso for necessário para manter os preços em alta.

E aquele que é ainda o principal combustível, apesar da urgência da transição energética devido às alterações climáticas e os seus efeitos devastadores, que já estava encaixado nos interesses da OPEP+, que conta desde 2017 com a Rússia, passa agora a ter duas plataformas de interesses convergentes, se, por exemplo, os BRICS + forem suficientemente, o que tudo indica que assim será, maleáveis para estabelecer acordos privilegiados com a China, o maior importador mundial de energia, o Egipto, Etiópia e Argentina, os parceiros dos grandes produtores desde bloco que controlará a partir de 2024 mais de 34% do PIB mundial.

Com o anúncio da entrada de sauditas, dos emiratos e dos iranianos nos BRICS, rapidamente os mercados sentiram a pressão, embora nos media ocidentais, este factor tenha sido subvalorizado, o que se justifica pelo facto de que o poder de impor uma nova ordem mundial contra a vontade de norte-americanos e europeus, com uma natureza multipolar e sustentada na cooperação entre iguais.

E é assim que, embora não sendo factor único, porque a forte possibilidade de a FED norte-americana manter as taxas directoras elevadas também não é de somenos na soma destas parcelas, o barril de Bent estava, nesta manhã de sexta-feira, poerto das 12:50, hora de Luanda, a valer 84,40 USD, mais 1,2% que no fecho de quinta-feira.

E o petróleo só não está a valorizar ainda mais porque o dólar norte-americano, que é ainda a moeda franca universal mais usada no negócio da energia, está a valorizar, o que, pressiona o barril em baixo.

Isso sucede porque os países que precisam de adquirir USD"s para comprar crude, gastam mais da sua moeda nacional para o efeito, pagando assim mais por barril, mesmo que usando menos quantidade de dólares.

As complexas contas angolanas

Para Angola, que é um dos produtores e exportadores que mais dependem da matéria-prima em todo o mundo, devido à escassa diversificação económica, esta consolidação dos preços do Brent largamente acima dos 80 USD é uma boa notícia, porque permite diluir os efeitos devastadores da crise cambial e gera super-avit face ao valor de 75 USD por barril com que foi elaborado o OGE 2023.

Se continuar assim por muito tempo, as consequências podem ser bastante posutivas porque o sector petrolífero continuará a gerar superavit que serve ao Governo para investir além do básico. E os riscos de subfinanciamento do Estado face aos compromissos assumidos no OGE, podem ser reduzidos, devido ao papel insubstituível, para já, das receitas petrolíferas no PIB.

O petróleo representa hoje, ainda, mais de 90% das suas exportações, corresponde até 35% do PIB e garante cerca de 60% dos gastos de funcionamento do Estado.

Aliás, o Governo de João Lourenço tem ainda como motivo de preocupação uma continuada redução da produção de petróleo, que se estima que seja na ordem dos 20% na próxima década, estando actualmente pouco acima dos 1,1 milhões de barris por dia (mbpd), muito longe do seu máximo histórico de 1,8 mbpd em 2008.

Por detrás desta quebra, entre outros factores, o desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair e as multinacionais não estão a demonstrar o interesse das últimas décadas em apostar no país.

A questão da urgente transição energética, devido às alterações climáticas, com os combustíveis fosseis a serem os maus da fita, é outro factor que está a esfumar a importância do sector petrolífero em Angola.