Alguns aeroportos construídos de raiz e com tecnologia de ponta se tornaram verdadeiros "elefantes brancos", quase sem viabilidade e sustentabilidade, o que criou nos cidadãos alguma desconfiança e descrença nesses projectos. Quase 20 anos após o seu anúncio, o NAIL arranca numa área de 1.324 hectares, com um custo superior aos 6 mil milhões de USD e prevê uma movimentação anual de 15 milhões de passageiros. Arranca agora apenas com operações de carga em Março de 2024, tem previsto o início de voos domésticos e no terceiro trimestre começam os voos internacionais. A infra-estrutura, que vai ser inaugurada hoje, é também um desafio para todos os angolanos, desde os mais optimistas aos mais cépticos. É impossível visitar o local e ficar indiferente ao que se encontra. Há muito trabalho, empenho e investimento feito. Governar é também saber tomar decisões e assumir posições. João Lourenço foi corajoso, ousado e perspicaz em ter dado continuidade ao projecto, finalizá-lo e fazer desse NAIL o seu voo mais alto.

"Este aeroporto não é nosso, este Aeroporto é do mundo", afirma o engenheiro Paulo Nóbrega, coordenador do Gabinete Operacional do NAIL, em entrevista ao NJ. O responsável lidera uma equipa de 20 profissionais e é a figura que, nos últimos dois anos, tem dado o rosto pelo projecto. Muito experiente, exigente e competente, Paulo Nóbrega tem sido muito útil no exercício dos jornalistas. Aberto, frontal e disponível, tem feito, ao longo deste período, um grande trabalho de pedagogia e orientação com os jornalistas. Muito do que sabemos ou que nos é dado a conhecer/perceber sobre o NAIL resulta deste contacto e relação profícua com esse senhor. Não é político, não é burocrata, não é de vaidades ou de excesso de egos. Apesar de algumas guerras surdas e de "fogo amigo", ele tem feito o seu trabalho e contribuído para que outros profissionais como os jornalistas façam o seu em nome do interesse público. Na semana passada, Paulo Nóbrega teve um acidente de trabalho e partiu a perna esquerda, hoje estará limitado na inauguração do NAIL e em cadeira de rodas. Estará sentado, mas a ver todo um trabalho de anos e de equipa que agora está em pé. Vai lá estar para prestigiar um momento que também é seu e que ajudou a fazer acontecer. E foi nestas limitações (em cadeira de rodas) que concedeu a entrevista ao NJ, já mesmo perto do fecho da edição, porque conhece a natureza e importância do nosso trabalho enquanto jornalistas, e por também muitas narrativas criadas nas últimas semanas e que deveriam ser desconstruídas.

Já Ricardo de Abreu, ministro dos Transportes, é outra figura cujo nome ficará nos registos da história, porque teve a espinhosa e delicada missão de estar à frente de todo este processo. Foi dele a escolha de Paulo Nóbrega, e foi também ele uma das garantias para João Lourenço de que era possível avançar, de que era possível caminhar e fazer este caminho que nos trouxe até a este dia.
Vários profissionais e organismos do sector dos Transportes, que estiveram envolvidos directa e indirectamente na construção do NAIL, vivem, hoje, um dia de realizações e de sentido de missão cumprida. Falámos com muitos profissionais envolvidos no projecto e ficámos a saber que não foram dias e meses fáceis, houve muita pressão, ansiedade, muitas discussões, interferências, burocracias e contratempos. Não foi um caminho fácil, e era bom que ficasse registada a história com todos os seus protagonistas.

José Eduardo dos Santos idealizou e iniciou a obra, João Lourenço teve a missão de dar continuidade e concluir o projecto, e Agostinho Neto dá-lhe o nome. Este NAIL é o que se pode considerar o aeroporto dos Três Presidentes da Angola independente. Mas, esse é um aeroporto de Angola para o mundo, um aeroporto que nos abre para o mundo e traz o mundo até nós.

Este aeroporto é nosso e que seja um importante activo económico e social para nós. Temos o trauma dos "elefantes brancos" aéreos e que o NAIL venha a contrariar certas tendências, criar novos horizontes e mostrar que somos capazes. Esta inauguração é um caminho e um sinal de que é possível fazer. Agora existem outros desafios pela frente e outro trabalho de gestão e estratégia. Um passo importante está hoje a ser dado.

OBS.: Ao engenheiro Paulo Nóbrega, votos de rápidas recuperação e sucesso no trabalho que tem desenvolvido por Angola e pelos angolanos!