Este projecto lançado pela administração provincial de Saúde de Gauteng está, segundo a imprensa sul-africana, em linha com o momento de grande aumento de casos de infecção pelo novo coronavírus naquele que é o país com mais vítimas e também com mais mortes por esta doença.
Até ao momento, a África do Sul conta com 224.700 casos do novo coronavírus e mais de 3.600 mortos, com especial incidência em Gauteng, uma das províncias mais afectadas e onde se aguarda que os números sofram um substancial aumento, tendo em conta que a infecção está agora, de acordo com os especialistas, a chegar ao seu pico, coincidindo com o tempo frio da África Austral e a evolução da pandemia nesta parte do continente africano.
O representante da Saúde no Conselho Executivo da província de Gauteng, Bandile Masuku, citado pelos media locais, já veio confirmar o projecto de abertura das 1,5 milhões de sepulturas, embora tenha sublinhado que a expectativa é a de que se consiga travar a pandemia a tempo de evitar a sua efectiva utilização.
Porém, a África do Sul tem actualmente uma evolução nos números da Covid-19 que deixam em aberto a possibilidade de a infecção estar a subir a um ritmo maior que o que era esperado, sendo, de longe, o país que gera maior preocupação em todo o continente.
Com quase 225 mil casos e a chegar velozmente aos 3.700 mortos, a África do Sul destoa claramente do resto do continente africano que, até aqui, tem conseguido amaciar a progressão da doença, mantendo-se longe dos números registados no resto do mundo, cenário que as autoridades locais não ignoram e, por isso, estão a prevenir-se com a abertura das 1,5 milhões de covas para uma esperada "vaga de grandes proporções" da infecção que deverá durar pelo menos até meados de Agosto.
No entanto, a situação, vista através do que revelam os números, é claramente dramática porque as autoridades de Gauteng, com a abertura de 1,5 milhões de sepulturas, estão a admitir que existe a possibilidade de 10% dos 15 milhões de habitantes da província virem a sucumbir à doença.
Todavia, como Masuku não deixou de apontar aos jornalistas, esta medida tem subjacente a necessidade de prevenir a região para o pior cenário imaginável.
As autoridades descartam inclusive a colocação de uma pedra tumular nas sepulturas devido ao cenário de catástrofe esperado, optando antes pela criação de uma espécie de monumento de homenagem a todos os que vierem a ser sepultados nestes espaços.
A par destas medidas, a província de Gauteng, que tem 15 milhões dos 58 milhões de habitantes da África do Sul, está a erguer estruturas com centenas de camas para cuidar dos doentes da Covid-19 nas diversas cidades e localidades, de forma a minimizar o impacto da vaga de infecções que aguarda.