Esta decisão de Cyril Ramaphosa surge quando a África do Sul, em menos de 10 dias passou de 1 caso para mais de 60 e os países africanos, incluindo vizinhos, como a Namíbia, começam a anunciar o surgimento de primeiros casos.
Os poderes que a Constituição sul-africana permite em situação de estado de desastre - ou de emergência - declarado, são, entre outros, o fecho de fronteiras se necessário, interditar a frequência de áreas em cidades ou espaços rurais, impor restrições de circulação... de forma a conter a expansão da pandemia no país.
Para já foram aplicados estes: entrada no país de viajantes de países como Reino Unido, China e EUA, entre outros; fecho de postos fronteiriços portuários e seis dos oito aeroportos sul-africanos; proibir ajuntamentos de mais de 100 pessoas; e ainda, entre outros, medidas de alívio fiscal para as empresas e pessoas singulares.
Isto, quando o mapa da doença em África já abrange 23 países, entre os quais dois vizinhos com fronteiras com Angola, a Namíbia e a RDC, com mais de 120 casos reportados, atravessando todo o continente, depois de o primeiro caso ter sido anunciado no Egipto, em meados de Fevereiro, sendo o Ruanda e a República da Guiné os últimos a anunciar a chegada do Covid-19 aos seus territórios.
Em Angola, apesar de terem sido já reconhecidos dezenas de casos suspeitos, ainda nenhum foi detectado, mantendo o país como uma "ilha" no meio de uma tempestade que se sabe que afectará o mundo todo, ou quase.
Porém, segundo algumas publicações, citando especialistas, este coronavírus aparenta ter como uma das suas particularidades a preferência por climas secos e com baixas temperaturas, o oposto ao que se vive na generalidade do continente africano, dando consistência a rumores já com algum tempo de que o clima africano, ou semelhante, constitui uma barreira natural face à pandemia.
Enquanto no resto do mundo, a lista de vítimas não parece abrandar no seu crescimento, com mais de 169 mil contágios registados e mais de 6.500 mortos confirmados, enquanto cerca de 77 mil recuperaram totalmente, sendo agora a Europa o foco das principais preocupações, com Itália e Espanha a surgirem na primeira linha do crescimento destas listas.
Mas as notícias são bastante mais animadoras agora na China, onde tudo começou, em Dezembro, na cidade de Wuhan, com o número de novos casos a baixar todos os dias e com a vida a regressar à sua normalidade, embora com restrições claras, principalmente na província de Hubei.
África, a excepção?
Para já, segundo alguns mapas interactivos, como este, da Universidade Johns Hopkins, permitem observar que a África subsaariana se mantém como uma excepção a uma regra cada vez mais abrangente, embora a deixar de o ser paulatinamente, com os números a subirem mesmo de forma acelerada em alguns países, como a África do Sul.
E há mesmo alguns especialistas que aconselham mesmo a não ter em conta o que os gráficos mostram, porque acreditam que al alguns países, a pandemia está a crescer e a circular de forma camuflada, como é o caso de Bruce Basset, cda Universidade de Cape Town, que admite mesmo que se trata de "uma bomba relógio" o que decorre em alguns países africanos.
Alias, a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde o início que vem alertado para a ideia de que África pode ser palco de um crescimento acelerado da pandemia por causa da fragilidade evidente de muitos dos sistemas nacionais de saúde e das fragilidade socioeconómicas de milhões dos seus habitantes a viverem em condições degradadas.
Mas é igualmente facto que até ao momento, todos os casos registados em África são de pessoas que chegaram de outros continentes, especialmente da Europa e da China, não se conhecendo casos de transmissão nas comunidades.