A recta final para as presidenciais da RDC tem, de resto, sido marcada pela violência. A denuncia chegou da ONU, que dava conta de "relatos de uso excessivo da força, incluindo balas reais, por forças de segurança contra encontros da oposição".
Esta quinta-feira, o presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente, Corneille Nangaa, anunciou, em conferência de imprensa no país vizinho, que as eleições estão agora programadas para o dia 30, se até lá forem ultrapassados alguns constrangimentos logísticos provocados pelo incêndio de há uma semana.
Algo que ao início da tarde do dia 19 Corneille Nangaa já tinha dado a entender quando recebeu em Kinshasa alguns líderes políticos, entre os quais Théodore Ngoy, Marie-Josée Ifoku, e Jacquemin Shabani, representante de Félix Tshisekedi, que não esconderam à imprensa a sua decepção por aquilo que lhes havia sido comunicado pelo presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI).
"A CENI acabou de nos comunicar a sua incapacidade para organizar o escrutínio no dia 23 e pediu o adiamento de uma semana", anunciou Jacquemin Shabani aos jornalistas à saída da reunião, enquanto Marie-Josée Ifoku afirmava que perante as informações recebidas, a conclusão era a de que seriam necessários mais de dois meses para resolver todos os problemas.
O incêndio que destruiu uma parte substancial do material eleitoral destinado às operações de voto em Kinshasa e propagação do mais mortífero surto de ébola da sua história, que afecta o leste da RDC, nas províncias do Kivu Norte e Ituri, junto à fronteira com o Uganda, foram as razões apontadas pelo presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente.
De recordar que em Novembro, um estudo sobre o processo eleitoral na República Democrática do Congo (RDC), elaborado pelo Centro de Estudos sobre o Congo (CRG, sigla em inglês), da Universidade de Nova Iorque, EUA, intitulado "As eleições de todos os perigos", apontava para a existência de um conjunto de graves falhas em toda a preparação das eleições gerais de 23 de Dezembro que vão ficar marcadas pela saída do poder de Joseph Kabila.