A Turquia foi o primeiro país a avisar que as relações diplomáticas com os Estados Unidos da América dependem de a "promessa" de Donald Trump se concretizar, porque, como avisou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mudar a representação diplomática para Jerusalém é a "linha vermelha" que, a ser ultrapassada, pode fazer o Médio Oriente descambar mais uma vez para o caos.
Isto, porque, sendo Jerusalém decisiva há séculos para as chamadas três religiões do Livro - ou abraâmicas, este gesto de grande significado de Trump será efectivamente visto como a prova de que os EUA reconhecem a Cidade Santa como capital de Israel, o que seria inaceitável para os países árabes e muçulmanos da região, e globalmente motivaria violentos protestos por todo o mundo islâmico, porque se colocariam de imediato ao lado da Palestina, que também reivindica a urbe como a sua capital.
A Autoridade Palestiniana foi a primeira a reagir, avisando que o longo processo de paz que está em curso com Israel, essencialmente por causa dos territórios ocupados, desmoronaria como um castelo de cartas e as manifestações violentas estariam de volta no minuto seguinte.
o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, falou mesmo em "consequências imprevisíveis" na estabilidade da região e do mundo.
Também a Arábia Saudita, o maior aliado dos EUA no Médio Oriente muçulmano, mostrou um total descontentamento com as intenções de Donald Trump, e o Papa Francisco já veio alertar para os perigos que tal decisão encerraria e que há gestos que são desnecessários mas que podem por em causa a paz, num momento em que o próprio Presidente norte-americano lançou uma nova vaga de contactos para reactivar as negociações de paz entre a Palestina e Israel.
Mesmo em Israel somam-se as vozes contra a atitude de Washington, que deverá ser materializada num discurso de Trump agendado para o final da tarde de hoje.
A imprensa israelita já fala em ameaças de uma vaga de atentados terroristas e o líder dos deputados árabes eleitos para o Parlamento (Knesset), Ayman Odeh, acusou mesmo Trump de ser um "pirómano", e que, na voz de outro deputado, esta movimentação é um "atentado terrorista diplomático" que acabaria com a ideia de solução para as negociações de paz israelo-palestinianas enraizada no conceito de dois Estados.
Apesar de esta mudança da embaixada norte-americana para Jerusalém ter sido uma promessa feita na campanha eleitoral de Trump, muito poucos acreditavam que seria materializada por causa dos riscos envolvidos.
A Europa é uma das regiões mais inquietas com esta possibilidade porque uma eventual vaga de atentados teria impacto directo nos países europeus, como o demonstra o facto de o responsável pelas relações exteriores do Reino Unido ter vindo de imediato lembrar que Londres não está a pensar de modo algum mudar a sua embaixada em Israel de Telavive para Jerusalém.