A agência de notícias palestina, WAFA, difundiu um despacho citando um artigo de opinião publicado no Jornal de Angola onde o secretário-geral do Comité Executivo da OLP, Saeb Erekat, agradece o gesto das autoridades angolanas.
A WAFA destaca as palavras de Erekat onde este relembra as ligações históricas entre a OLP e os países africanos e o combate comum contra os regimes coloniais, sublinhando o pensamento partilhado sobre a liberdade e o direito à autodeterminação.
Esta reacção da OLP surge depois de o chefe da diplomacia angolana, Manuel Augusto, ter exonerado o ministro conselheiro da Embaixada de Angola em Israel, João Diogo Fortunato, e o director para África, Médio Oriente e Organizações Regionais, Joaquim do Espírito Santo.
O primeiro por ter participado na polémica cerimónia de inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém e com isso lesado "o bom nome e a imagem de Angola", e o segundo por ter sido, embora já tenha negado isso mesmo, quem alegadamente autorizou a representação de Angola na polémica inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém e o concomitante reconhecimento da Cidade Santa como capital de Israel, contrariando de forma clara aquilo que é a posição oficial do país desde sempre.
Manuel Augusto justifica a exoneração com a "Inobservância dos procedimentos da cadeia de tomada de decisão interna e que lesou o bom nome e a imagem de Angola com países com os quais mantém uma histórica relação diplomática".
No seguimento deste caso, o próprio Presidente da República sentiu-se na necessidade de vir a pública clarificar a posição de Angola que é conhecida há anos e defende aquela que é a postura da ONU, no sentido da criação de um Estado da Palestina para viver lado a lado com Israel.
Recorde-se que João Diogo Faustino integrou a lista de participantes na inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, o que causou mal-estar em Luanda, sabendo-se posteriormente que o fez à revelia das orientações de Luanda para essa cerimónia, enleada numa forte polémica e contestação, e na qual apenas estiverem presentes representantes de 32 países.
A transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém foi a causa de dezenas de mortos entre palestinianos a tiros disparados pelo Exército israelita, quando protestavam contra a decisão do Presidente Donald Trump de considerar a Cidade Santa a capital de Israel.
Angola condenou espiral de violência sobre palestinianos
De recordar que o Governo, através do Ministério das Relações Exteriores, fez sair um comunicado, no dia 16 deste mês, em que condenava a violência das forças israelitas contra a população palestiniana, apelando "à contenção" e à "retoma das negociações".
No mesmo comunicado, o Governo declarava que "tem acompanhado com muita preocupação os últimos desenvolvimentos da situação no território da Palestina".
De acordo com o documento, "a situação naquele território é caracterizada por uma espiral de violência, que põe em perigo os esforços da comunidade internacional para um processo negocial baseado nas resoluções das Nações Unidas, que estabelecem a existência de dois Estados, como única solução justa e duradoura".
A reacção do embaixador de Israel em Angola, Oren Rozenblat, não se fez esperar, tendo vindo a público dizer estar "desapontado com o comunicado de imprensa do Governo angolano sobre Israel.
"Angola falhou ao não incluir no seu comunicado de imprensa a violência terrorista do Hamas", realçou o diplomata.
De referir que o exército Israelita avançou contra os milhares de manifestantes que protestavam contra a transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, tendo provocado mais de 50 mortos e milhares de feridos, num massacre que foi condenado pela maioria dos países, mas com a África do Sul e a Turquia a tomar medidas extremas, chamando os seus embaixadores em Tel Aviv, o que é, no meio diplomático, um dos mais veementes protestos antes do corte de relações.
A maioria dos países recusou fazer-se representar na cerimónia de inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, com vários pedidos de uma investigação internacional sobre o porquê do uso de força excessiva e desproporcional - tiro de espingarda automática contra pedras arremessadas pelos palestinianos -, tendo Angola integrado o grupo de 32 países que ocorreu à abertura da representação diplomática norte-americana na Cidade Santa, que coincide com o reconhecimento por Washington da disputada cidade como capital do Estado judaico.