Donald Trump não ligou ainda a Joe Biden para dar os parabéns da praxe aos vencedores, a dupla Biden/Harris, onde Kamala Harris é a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-Presidente em 231 anos de democracia nos EUA, e não parece estar disponível para o fazer porque não parou ainda de insistir nas redes sociais que ganhou as eleições e só uma fraude gigantesca permitiu aos democratas surgirem como vencedores.

João Lourenço no seu tweet destacou a dupla, congratulando Joe Biden e Kamala Harris, enfatizando a sua vontade de com eles trabalhar em breve para reforçar as relações entre os dois países.

Do resto do mundo, apenas Presidentes claramente chegados ideologicamente a Trump ou com interesses estratégicos evidentes, é que não cumpriram com a praxe de congratular o vencedor, como é o caso do brasileiro Jair Bolsonaro, ou, entre outros, do russo Vladimir Putin, tendo este último defendendo mesmo que só o deveria fazer com a confirmação oficial dos resultados, o que não sucede enquanto houver recursos legais a decorrer.

Mesmo sendo difícil, ou mesmo impossível, de acordo com a generalidade dos analistas, reverter os resultados, apesar de algumas recontagens, como na Georgia serem procedimentos automáticos devido à escassa margem que separa Trump e Biden, tanto o ainda Presidente como os seus principais assessores, como é o caso de Rudy Giuliani, antigo "mayor" de Nova Iorque que o aconselha juridicamente, insistem que se tratou de eleições fraudulentas.

Para já, a primeira vitória está conseguida, o procurador-geral, William Barr, já aceitou os fundamentais para dar início a uma investigação por fraude como bons, podendo estas investigações agora ter lugar, embora isso já fosse expectável porque Barr é um republicano nomeado por Trump.

Entretanto, Rudy Giuliani tem-se mesmo multiplicado em declarações à imprensa onde defende com entusiamo que a esmagadora maioria dos votos por correspondência, que deram, de facto, a vitória a Biden, são o instrumento que permitiu a fraude, porque, sublinhou, ninguém sabe de onde é que eles vieram". Chegou mesmo a dizer que poderiam ter "vindo do planeta Marte".

Como o sistema eleitoral não conta com um órgão específico para declarar o vencedor, excepto aquilo que é o calendário burocrático, ou seja, a 14 de Dezembro reúne o Colégio Eleitoral e a 20 de Janeiro de 2021 acontece a passagem do poder formal, são os media que desempenham tradicionalmente esse papel, o que Giuliani está a aproveitar para questionar alto e bom som quem é que deu a vitória a Joe Biden, como passo para adiantar que a disputa nos tribunais ainda agora começou.

Apesar de se sucederem as notícias de lideres mundiais a congratularem Joe Biden, Trump não cede na sua trincheira e está a apostar todas as fichas no recurso aos tribunais, para inde os seus assessores já estão a recolher fundos como forma de financiar esse dispendioso procedimento.

Existe mesmo algum humor já em torno desta matéria, como o comentário do antigo primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, que já disse estar a imaginar Trump barricado na Sala Oval da Casa Branca a 20 de Janeiro se as suas exigências, como as recontagens e a invalidação de milhões de votos não resultarem em nada.

Recorde-se que uma das razões pelas quais DOnald Trump persiste neste turtuoso caminho é que o seu entendimento é o de que os votos que foram enviados por correio até ao dia das eleições só poderiam ser validados se estivessem contabilizados até ao final de 03 de Novembro, sendo, na sua opinião, e como defendem os seus conselheiros legais, inválidos todos os restantes.

Isto, apesar de o próprio Tribunal Supremo ter já confirmado a validade de todos os votos contados após as eleições, nos três dias subsequentes, desde que o envelope dos correios estivesse como data limite 03 de Novembro.

A razão, que é a garantia de que Trump não tem caminho sólido para fazer nesta demanda, é que os votos por mail tiveram um justificação razoável que é a pandemia da Covid-19, que levou uma boa parte dos eleitores democratas a não ir para as filas no dia das eleições, optado pelo correio, enquanto os republicano, que, tal como Trump, recusam aceitar a gravidade da pandemia, foram para as filas de voto como se nada de anormal estivesse a ocorrer.

Face a este cenário, que tem como acrescento de picante o facto de Donald Trump ter despedido o seu Secretário de Estado para a Defesa, Mark Esper, quando faltam dois meses para o final do seu mandato, o Presidente eleito, Joe Biden, que apenas assumiu a vitória quatro dias depois das eleições, já aconselhou calma aos seus apoiantes, apostou num discurso, como o Novo Jornal noticiou aqui, de união e pediu aos republicanos que lhe dêem uma oportunidade para provar que é o Presidente de todos e não apenas de quem nesse votou.