O ataque, já fortemente condenado pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, foi perpetrado no Domingo por um grupo de radicais islâmicos da Al-Qaeda do Magrebe, que já o reivindicou, tendo deixado ainda 25 feridos entre os "capacetes azuis" da MINUSMA, a missão da ONU no país, muitos deles em estado grave.

"As forças da MINUSMA responderam de forma pesada e muitos dos atacantes foram mortos", revelou um porta-voz da missão, Ivan Dujarric said, embora sem revelar o número de baixas entre os terroristas.

O ataque a este aquartelamento dos "capacetes azuis", que estão no Mali como força de interposição para garantir a paz neste país que é palco de forte actividade terrorista, foi realizado usando veículos fortemente armados, revelou fontes das Nações Unidas citadas pelas agências.

A Al-Qaeda do Magrebe, um grupo radical islâmico que há anos mantém uma recorrente actividade terrorista nos países do Sahel, especialmente no Mali, Chade, Burkina Faso, entre outros, depois de reclamar a autoria, justificou o ataque como "uma reacção à visita do primeiro-ministro de Israel (Benjamin Netanyahu) ao Chade".

"Os atacantes vieram da floresta de Wagadou, um refúgio usado por radicais islâmicos do Mali há vários anos e os ataques foram protagonizados por indivíduos em carrinhas e motociclos", descreveram as fontes.

"Os #FAMa foram atacados no domingo, 21 de abril de 2019, por volta das 5:00 no #Guire, na área de #Nara. Foram enviados reforços. Estão em curso avaliações", descreviam as Forças Armadas malianas na rede social Twitter quando os ataques estavam em curso.

O norte do Mali foi tomado em Março-Abril de 2012 por grupos jihadistas, entretanto dispersos por uma intervenção militar lançada em Janeiro de 2013 por iniciativa de França, recorda a Lusa.

Contudo, zonas inteiras escapam ao controlo das forças malianas, francesas e da ONU apesar da assinatura, em 2015, de um acordo de paz que pretendia isolar definitivamente os jihadistas. A partir de 2015 a violência propagou-se ao centro do país, mais densamente povoado, agravando os conflitos intercomunitários.

Em 23 de Março, um massacre imputado a caçadores Dogon que se apresentavam como um "grupo de autodefesa" antijihadista fez cerca de 160 mortos na aldeia Fula de Ogossagou, perto da fronteira com o Burkina Faso.

O Mali converteu-se também numa zona perigosa para as forças das Nações Unidas, já que 119 "capacetes azuis" morreram e 397 ficaram feridos em consequências dos ataques de grupos armados desde 2013.

A violência no Mali já provocou 260 mil refugiados e deslocados, segundo uma responsável das Nações Unidas, que pediu um reforço da ajuda humanitária, estimando que 3,2 milhões de pessoas precisam de assistência.