A capital está há vários dias, no entanto, sob forte reforço policial à espera de eventual contestação, como certificou o Novo Jornal numa ronda pelos locais onde tradicionalmente emergem estes focos de tensão, embora já hoje, terça-feira, 30, um dia depois do anúncio dos resultados oficiais, que a UNITA reafirmou não reconhecer e prometer dar luta nos tribunais, se notar um diluir da presença das forças de segurança mais musculadas.
Um sinal desse reforço policial é o facto de os agentes do trânsito, que normalmente estão desarmados ou, quanto muito, com pistola à cintura, estão agora com espingardas automáticas (metralhadoras) às costas.
A presença policial nas ruas e Avenidas de Luanda apresenta-se, todavia, em diferentes especialidades, com realce para a presença da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) e da recém-criada Brigada de Patrulha, de todas a mais musculada e pronta para a acção repressiva, mas hoje menos visível.
Na zona dos Coqueiros, na baixa de Luanda, junto a edifício sede da Comissão Nacional Eleitoral, como constatou o Novo Jornal, para além da polícia havia, na tarde de segunda-feira, também reforços militares ligados à Unidade de Guarda Presencial (UGP), fortemente armados.
Na sede do Governo Provincial de Luanda também se verificava um grande aparato policial, das forças especiais.
Cenário idêntico era visto na zona do Rocha Pinto, Largo 1.º de Maio, Aeroporto Internacional de Luanda, Bairro da Calamba, na Ilha de Luanda, São Paulo, Triângulo dos Congolenses, na estada da Samba e na Avenida Deolinda Rodrigues.
Em frente a Cemitério da Santa Ana, local da concentração das grandes manifestações na capital, havia e permanece esta terça-feira também um grande reforço policial.
Apesar de Luanda estar com um clima de alerta máxima, por parte das forças de defesa e segurança, prontas a intervir ao mínimo sinal de problemas, como o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, tem vindo a avisar com insistência, a população leva a sua vida de forma normal.
"Eles têm medo da revolta popular, por isso, estão em prontidão. Está a parecer até que haverá guerra no País outra vez", disse o cidadão Manuel Domingos, apesar de um tom irónico na voz.
Engraça da Costa Mateus, militante do MPLA, disse ao Novo Jornal que é necessário a Polícia Nacional estar atenta à situação do País e considera que há muitos cidadãos que não querem a paz no País.
"A polícia apenas faz o seu trabalho de garantir a ordem. Senão podemos ter confusão nas ruas a qualquer momento", contou a militante do MPLA.
Epalanga José, militante da UNITA, diz que o reforço policial das ruas de Luanda traduz medo da população porque a CNE sabe que não divulgou aquilo que as pessoas esperavam.
"Por isso usam a polícia e os militares para amedrontarem as pessoas indefesas", assegurou militante do "Galo Negro".
Apesar da vitória do MPLA nas eleições, até agora não ocorreu qualquer festejo ruidoso nas ruas de Luanda por parte dos militantes e simpatizantes do partido vencedor, embora tenham sido vistos pequenas celebrações num e noutro canto da cidade.