No salão nobre do Palácio Presidencial da Cidade Alta, João Lourenço explicou os critérios que estiveram na base das nomeações para o Gabinete Presidencial, Ministérios e Governos provinciais.

"Fizemos questão de, para o Gabinete do Presidente da República, seleccionar quadros competentes, que nas áreas por que passaram deram provas disso", disse o Chefe de Estado na primeira intervenção, após a tomada de posse dos membros do seu gabinete.

"Não por mero acaso, para além de gente que consideramos competente, primámos por apostar em jovens com um futuro promissor, que ainda têm muito a dar ao nosso país", destacou o também líder do Executivo.

O sucessor de José Eduardo dos Santos manifestou confiança na capacidade do novo Governo, e lembrou que é preciso tempo para mostrar obra.

"É evidente que é cedo para concluirmos se acertamos ou não na composição deste Executivo. Só o nosso trabalho o dirá. Portanto o critério de avaliação para concluirmos se acertamos ou não será o trabalho que viermos a realizar", salientou João Lourenço, reforçando a ideia de que é necessário esperar.

"Será pelo nosso trabalho, pelos seus resultados, que a sociedade nos vai julgar, e, então, daqui a algum tempo concluir se efectivamente este foi ou não o melhor Executivo escolhido".

Para além da aposta na competência e na juventude dos quadros, o número dois do MPLA explicou que o elenco reflecte um certo equilíbrio de género.

"Com certeza que não atingimos a metas que seriam de desejar, mas fizemos o melhor possível no sentido de garantir essa representatividade de género", notou o Presidente da República, que nomeou 10 ministras e uma secretária do Conselho de Ministros.

Mais do que destacar aquelas que considera serem as mais-valias do seu Executivo, o Chefe de Estado dirigiu-lhe vários apelos.

"Vamos trabalhar em equipa. Não podemos ser egoístas ao ponto de cada um se preocupar apenas com o seu departamento ministerial. O que tem de funcionar é toda a equipa, porque só assim seremos capazes de cumprir com o programa de Governo que todos nós jurámos cumprir no sentido de melhor servir o povo angolano".

Segundo João Lourenço, o êxito dos planos de governação exigem uma crescente participação do poder local.

Via aberta para autarquias

"Gostaria de pedir aos senhores governadores que nos ajudem a prescindir de parte do nosso poder para o transferirmos para o município, cumprindo assim a divisa segundo a qual a vida faz-se no município, para que os nossos cidadãos encontrem a resolução dos seus principais problemas no município em que residem", exortou o Presidente da República.

Numa primeira fase, esclareceu João Lourenço, essa missão será cumprida por via da descentralização administrativa e financeira, e, num segundo momento, logo que estejam criadas as condições, será concretizada através da realização das eleições autárquicas

"Esta será a principal tarefa que nos compete enquanto governadores: irmos criando as condições para voluntariamente perdermos parte do poder que temos, transferindo para os municípios", reiterou o Chefe de Estado, apelando igualmente à iniciativa de toda a sociedade.

"Vamos contar com o contributo de todos, não apenas dos empossados. Vamos contar com o contributo do empresariado nacional privado, vamos trabalhar no sentido de atrair investimento privado estrangeiro, vamos contar com o contributo de toda a sociedade, da chamada sociedade civil, das Igrejas, das ONG"s, enfim, de todos os angolanos de boa-fé que querem ver um futuro melhor para os nossos filhos", reiterou, com os planos apontados para "melhorar o que está bem e corrigir o que está mal".

"Sabemos que temos os olhos, não só dos angolanos mas também os olhos do mundo, postos em nós, a julgar pelas grandes expectativas criadas à volta do que este Executivo fará nos próximos anos. Temos um desafio muito grande a enfrentar e a vencer, que é, entre outros, o desafio da diversificação da nossa economia, o desafio do combate às assimetrias regionais, o desafio de garantir maior oferta de bens e de serviços para as nossas populações, o desafio de garantir maior emprego para os cidadãos angolanos, e em particular para os nosso jovens", indicou João Lourenço.

"Essa responsabilidade de melhorar o que está bem e corrigir o que está mal é nossa, e nós temos que ser optimistas ao ponto de pensar que somos capazes".