Os angolanos que esperavam novidades do novo Governo, afirmam que o Executivo do Presidente João Lourenço "não tem capacidade política nem convicção para fazer o país crescer".
"São os mesmos que na administração de José Eduardo dos Santos foram cometendo erros graves e conduziram o país a um beco sem saída", observa o sindicalista Paulo Abel Miezi, que esperava um governo que "endireitasse" as contas públicas.
Incomodado com a nomeação do actual Governo, o professor universitário, Amaral Vaz Couto de Sousa, subiu o tom crítico e afirmou que o Executivo é "muito fraco", sem novidades e sem direcção".
"O Governo vive uma situação extremamente grave do ponto de vista económico-financeiro. Cada dia que passa, a situação piora. Este Governo não inspira confiança", lamentou.
Já o economista Samuel Mandica considerou que, com este Governo, o Presidente da República, João Lourenço, "não terá margem de manobra para combater a corrupção".
"Não se pode esperar nada de útil deste Governo e muito menos no combate à corrupção. É um Governo em estado terminal", argumentou.
Segundo o economista, o novo Executivo poderá até ter interesse em fazer qualquer coisa, mas não em combater a corrupção. "São todos da ala do antigo Presidente. Quem elaborou essa lista quer afundar João Lourenço", adicionou.
O reformado António Ekela não compreende a recondução do governador do Cunene, Kundi Pahiama, nem a nomeação do ex-governador do Moxico, Ernesto dos Santos "Liberdade", agora Ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria. "Estão cansados como eu. Já não há mais pessoas para os substituir?", contestou.
Um Governo com mão de JES?
Sob condição de anonimato, outro economista do mercado aponta que o Governo ontem nomeado é uma imposição do antigo Presidente, José Eduardo dos Santos.
"Vimos o seu semblante na cerimónia da tomada de posse no dia 26. Todos perceberam que o homem não queria sair", apontou.
"Como é que João Lourenço vai apertar o cerco à corrupção, que está a corroer a sociedade e pôr fim à impunidade no país, com esse staff já viciado?", interrogou-se.
As desconfianças também assaltam o espírito do sociólogo José Mvengueta.
"No novo Governo há personalidades envolvidas na corrupção. Fiquei surpreendido quando li os jornais, e vi que estas (personalidades) ainda figuram no Executivo", indicou, lembrando que "os actos de corrupção, além de pilharem o património público, impedem o Estado de atender às demandas sociais, mantendo o povo ao relento, na ignorância, na pobreza e na doença".
Na opinião de José Mvengueta, o Presidente João Lourenço tem de encontrar "urgentemente" as ferramentas de combate à corrupção.
"As ferramentas estão disponíveis. Se criarem a Alta Autoridade Contra a Corrupção no país, uma instituição que a oposição já vem exigindo, pode haver uma solução", sugeriu.
A fonte acrescentou que Alta Autoridade Contra a Corrupção traz remédios passíveis de combater tais patologias corruptivas.
Por sua vez, o presidente da Associação Mãos Livres, o advogado Salvador Freire dos Santos, sublinhou que Angola tem todos os instrumentos jurídicos para combater a corrupção, como os tribunais e os órgãos de justiça.
"O que falta é dar poder a essas instituições e a possibilidade de elas aplicarem a lei sem qualquer interferência política", observa.