"Não sei de onde o MPLA está a tirar este resultado. Nós estamos a falar daquele que é o resultado real, e que estamos à espera que a CNE tenha coragem de divulgar. Não sabemos porque não o fez até agora", disse à agência Lusa Raúl Danda.
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) anunciou hoje que, com cinco milhões de votos escrutinados em todo o país, tem a "maioria qualificada assegurada" e a eleição de João Lourenço para Presidente da República.
A informação foi transmitida, cerca das 11:50, na sede nacional do MPLA, em Luanda, pelo secretário do Bureau Político, para as questões políticas e eleitorais, João Martins, em declarações aos jornalistas.
"Temos vindo a fazer a compilação dos dados que os nossos delegados de lista nos têm remetido, das atas síntese que obtiveram das assembleias de voto a nível de todo o país. E, numa altura em que temos escrutinado acima de cinco milhões de eleitores, o MPLA pode garantir que tem a maioria qualificada assegurada", disse o responsável do MPLA.
A UNITA diz que os resultados que lhe estão a chegar contradizem o anúncio da MPLA.
"O resultado que nos está a chegar das mesas e das atas-síntese das assembleias de voto, que devem estar afixadas, contradizem completamente isso que o MPLA está a tentar dizer", sublinhou o vice-presidente da formação do galo negro, Raúl Danda.
"Não é só o MPLA que está a fazer contagem. A UNITA também se preparou para fazer contagem e estamos a fazê-lo com base nas atas, nas contagens feitas nas assembleias de voto", salientou.
De acordo com a contagem paralela e provisória do principal partido da oposição, o MPLA está neste momento com uma votação pouco acima dos 40%, seguido da UNITA com mais de 30%, disse Raúl Danda.
"E ainda estão por processar resultados de áreas afectas à UNITA. Só aqui em Luanda, estamos a falar do Cacuaco e Viana, que têm bastante expressão no voto daqui da capital. À medida que os votos vão sendo contados, a tendência é o MPLA ir baixando e a UNITA ir subindo. Esta é que é a realidade do que está a acontecer no país", salientou.
O vice-presidente da UNITA, segundo atrás de Isaías Samakuva, disse que o partido "está calmo, mas à espera que a CNE ganhe coragem de publicar resultados provisórios verdadeiros".
Esses resultados, disse, têm de ser em função "das atas [das assembleias de voto, que deveriam ser afixadas] que os partidos também têm. Que não sejam resultados diferentes daqueles que constam nas atas síntese das mesas", advertiu.
"A informação que temos é que a Cidade Alta proibiu a CNE de divulgar os resultados. E porquê? É fácil de saber", concluiu o responsável.