Os dados foram divulgados durante um encontro realizado hoje pela Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH), destinado a informar os parceiros sobre as acções desenvolvidas desde 2013 até à presente data, para o cumprimento do artigo 5.º da Convenção de Otawa, que levará o país a ser declarado livre de minas.
O Governo, que ratificou em 2002 a Convenção de Otawa, solicitou em 2012 uma moratória de cinco anos para a continuação das suas operações de desminagem e segurança das zonas minadas, e prepara-se para pedir uma nova extensão do prazo até 2025.
No encontro, os participantes, foram informados que de 2013 à data presente, o processo de desminagem permitiu a recolha e destruição de 12.244 minas antipessoal, 1.722 antitanque e de 3,2 milhões de engenhos explosivos não detonados.
No mesmo período, as acções de desminagem permitiram ainda desminar 5.026 quilómetros de estradas, mas encontram-se ainda por limpar 122 quilómetros, 32 dos quais na província do Kuando Kubango, seguindo-se a Huíla (19), Bié (18) e Moxico (16).
As províncias com mais áreas minadas são o Moxico (277), Kuando Kubango (249), Kwanza-Sul (128), Bié (109), Benguela (75), Uíge (51), Bengo (48), Kwanza-Norte (45), Huambo (26), Cunene (25), Zaire (22), Lunda Sul (19) e Huíla (18).
Já a capital do país, com uma área minada, é a província com o menor número de zonas afectadas, seguindo-se Cabinda com duas, Namibe e Lunda Norte, com três cada uma, e Malange, com oito.
Durante a apresentação dos dados, o assessor nacional do planeamento da CNIDAH, Augusto Santana, disse que estão ainda por pesquisar as províncias de Cabinda, Luanda, Bengo, Lunda Norte e Lunda Sul, estando em curso trabalhos de investigação no Cunene e Moxico.
Conferência de doadores à porta
Augusto Santana acrescentou que falta dinheiro para serem desenvolvidas as pesquisas nas cinco províncias remanescentes.
"Portanto, queria aproveitar a ocasião para encorajar os nossos parceiros, aqueles que têm algum contacto com doadores que possam eventualmente cobrir na totalidade ou parcialmente essa pesquisa, agradecíamos muito que esses contactos fossem feitos", exortou Augusto Santana.
O apelo abre caminho à realização de uma conferência de doadores para o sector de desminagem, ainda sem data prevista.
Debruçando-se sobre os acidentes, o responsável explicou que ainda se registam muitos casos, embora o padrão dos mesmos se tenha alterado, devido ao aumento do número de áreas que no passado eram inacessíveis à população.
"Anteriormente, tínhamos muitos acidentes com minas propriamente ditas e hoje temos muitos acidentes com objectos explosivos não detonados, e isso acontece porque muitas zonas às quais antes não se tinha acesso agora dão acesso a crianças e adolescentes", explicou.
O responsável avançou que adolescentes e crianças são os maiores afectados, porque nas brincadeiras são os que têm maior contacto com os artefactos, provocando os acidentes.
"Nós temos acompanhado e felizmente eles têm decaído, de 2002 para cá houve um decréscimo muito grande, mas continuamos a ter alguns acidentes, mas não tanto com minas, mas com engenhos explosivos não detonados", reforçou.
Do total de mortos, entre 2005 e 2015, 116 eram civis, um polícia e três militares, enquanto entre os feridos 174 são civis e um polícia.