Por detrás destes resultados desanimadores para a Lucapa, que também gere a mina de Mothae, no Lesoto, também conhecida elas "pedras" de tamanho elevado e qualidade, está uma descida da procura pelos "brutos" extraídos e pela descida dos preços nos mercados internacionais.
Segundo o relatório da Lucapa, que gere o Lulo e tem como associados a Endiama e os privados da Rosa & Pétalas, referente ao último quadrimestre de 2023, os dividendos do Lulo renderam menos 4%, para 34,9 milhões USD, com as vendas a tombarem 32%, para 5,663 quilates, apesar das duas vendas de gemas excepcionais, que são as que têm mais de 10,8 quilates.
O Lulo (na foto) tem o registo dos cinco maiores diamantes encontrados em Angola (ver links em baixo nesta página) desde que existe registo de indústria diamantífera no país, há mais de um século, de onde se destaca o maior de sempre, encontrado no início de 2016, com 404 quilates, que valeu à empresa/consórcio 16 milhões USD, e que a empresa de Isabel dos Santos, entretanto falida, a suíça De Grisogono, transformou numa jóia rara que lhe valeu em leilão 34 milhões USD.
Estes resultados estão em sintonia com o fecho do ano global para a indústria diamantífera angolana, que viu, como foi anunciado recentemente, a sua produção anual em 2023, cair cerca de 2.6 milhões de quilates face ao esperado.
Apesar da quantia arrecadada ter sido de 1,5 mil milhões de dólares com a extracção de diamantes em Angola, o país viu a sua produção anual ficar aquém do esperado em mais de 2,6 milhões de quilates, quedando-se pelos 9,8 milhões, um valor que está na média dos últimos anos.
Numa cerimónia de apresentação de resultados, o presidente do conselho de administração da Endiama, José Ganga Júnior, explicou a quebra nos resultados com constrangimentos na central de tratamento da Sociedade Mineira do Luele, na Lunda Sul.
"O défice foi particularmente acentuado no terceiro e quarto trimestres de 2023 devendo-se a constrangimentos no arranque da central de tratamento da Sociedade Mineira do Luele bem como a redução dos níveis de produção de alguns projectos", pode ler-se no balanço dos resultados apresentado por Ganga Júnior.
Outro factor apresentado como justificação para os resultados abaixo das expectativas foi a dificuldade de importar equipamentos por falta de divisas para as áreas de mineração activas no país, que são pouco mais de 50, entre operacionais e em fase de reestruturação.
Nesta ocasião, José Ganga Júnior voltou a apontar para um forte crescimento da produção no ano corrente, estimando que esta possa chegar aos 14,6 milhões de quilates em 2024, uma cifra que já devia ter sido alcançado se as estimativas anunciadas tivessem sido confirmadas e estava planeado no Plano de Desenvolvimento Nacional - 2018-2022.