Com este acordo, que vai ser assinado pela Endiama e apadrinhado pelo MIREMPET na embaixada de Angola, em Lisboa, na próxima sexta-feira, 08, segundo avançou ao Novo Jornal fonte do ministério, consuma-se um processo negocial que já se prolonga há vários meses e que representa uma forte expectativa de aumentar o investimento externo neste sector vital da economia nacional.

A cerimónia de assinatura deste acordo vai contar com a presença dos administradores das empresas e do ministro Diamantino Azevedo.

A chegada da multinacional anglo-australiana, com uma vasta rede de investimentos em todo o mundo e com uma experiência única atrelada, estava a ser negociada há largos meses com a diamantífera nacional, até porque os diamantes são um dos focos principais do Grupo com sede em Londres, Reino Unido, tendo mesmo o PCA da Endiama anunciado em Janeiro deste ano a sua chegada iminente ao País ainda este ano, o que acaba por se concretizar.

Dizia em Janeiro Manuel Ganga Júnior que as negociações com a Rio Tinto estavam especialmente avançadas e que tudo poderia estar desenhado até ao fim do ano para que Angola pudesse contar com a presença deste gigante do sector mineiro, nomeadamente para a sua fase inicial de avaliação e prospecção, sendo a fase industrial esperada para uma data posterior ainda sem definição.

Esta gigante da mineração mundial, fundado em 1873, só é secundarizada pela BHP e tem no cobre, bauxite, ouro, diamantes e ferro o foco principal da sua actividade, o que permite gerra expectativas de que a Rio Tinto tenha ainda os olhos postos, além dos diamantes, no potencial posto a nu pelo Plano Nacional de Geologia (Planageo) que, apesar de ainda não estar concluído, já mostrou que o País conta com um manancial extraordinário de minério no seu subsolo, desde a extensão gigantesca da cintura de cobre que tende milhões no Katanga congolês à vizinha Zâmbia, passando pelo cobalto ou ainda pela componentes do estratégico coltão, entre muitos outros.

No entanto, ao longo do seu percurso de sucesso, a Rio Tinto tem igualmente um traço trágico registado, sendo comummente apontado por grupos ambientalistas como fazendo tábua rasa das questões ambientais ou ainda patrimoniais, como sucedeu com a destruição de um lugar de grande importância histórica na Austrália, uma grupa na região de Juukan George, onde havia evidência de ocupação humana contínua há 46 mil anos.

Países como a Noruega ou a Indonésia também já criticaram de forma severa este gigante mundial da mineração devido aos seus escassos cuidados na protecção ambiental dentro das suas áreas de responsabilidade, sendo que existe ainda um histórico que pode ser tracejado nos media internacionais de casos de corrupção e de fraca responsabilidade social.

Um dos casos mais recentes ocorreu na Mongólia e foi noticiado pelo Financial Times, depois de um relatório, que o grupo contestou legalmente, sobre problemas sérios num investimento no sector do cobre, o projecto Oyu Tolgoi, de mais de 6,5 mil milhões USD, sendo que aqui a questão passou por atrasos inexplicáveis constatados por um grupo consultor independente, tendo o Governo mongol exigido mais transparência na gestão deste co-projecto.

E ainda há menos de três semanas, este grupo anglo-australiano esteve sob fogo na Sérvia devido a problemas ambientais relacionados com uma mina de lítio, essencial à produção de baterias para carros eléctricos.