Desde Setembro que se sabe que o próximo dia 30 vai ser decisivo para o futuro dos mercados do petróleo, quando a OPEP reúne na Áustria para tomar uma decisão definitiva sobre o tão aguardado corte na produção, esperando que isso promova uma subida no preço do barril.
Com os preços do barril de petróleo a tocarem valores na casa dos 20 USD em Fevereiro deste ano, o mundo acordou, ou, pelo menos, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), porque, entre outras razões, grande parte deles são dependentes da matéria prima para manterem as suas economia à tona da água.
Nessa altura foram proferidas as primeiras declarações de alerta e surgiram os primeiros indícios de um eventual corte, levando isso a que os preços fossem paulatinamente subindo para a casa dos 40 dólares.
Mas isso não chegava e em Setembro, na reunião da OPEP, em Argel, ficou claro que ou a organização afinava pelo mesmo diapasão ou, como defenderam vários analistas na altura, poderia ser uma hecatombe.
Foi então que, para evitar mais desgraças, se acertou num valor indicativo: cortar 750 mil barris por dia (bpd) na produção, que é metade do excesso de produção que ocorre hoje no mundo, à volta de 1,5 milhões bpd.
Agora, a menos de oito dias da reunião marcada para Viena de Áustria, os membros mais aflitos da OPEP, como a Venezuela e a Nigéria, têm assumido a liderança das declarações optimistas, nomeadamente sobre um acordo interno da OPEP para cortar a produção.
Mas a produção actual da OPEP não chega para ter influência suficiente de forma a sossegar os aflitos.
O cartel produz 40 por cento do petróleo extraído em todo o mundo e a ajuda chegou de Moscovo, garantindo o Governo de Putin que a Rússia está disponível para, no mínimo congelar a sua produção, e, no ideal, avançar para um corte.
Actualmente os EUA são o maior produtor mundial, com cerca de 11 milhões bpd, e a Arábia Saudita e a Rússia surgem logo a seguir com pouco mais de 10 milhões, o que permite adivinhar que se a Rússia alinhar com a OPEP, os mercados vão sentir a pressão inflacionária podendo mesmo, como dizem as publicações especializadas, atirar o petróleo para a casa dos 70 dólares, que é o valor desejado por Angola, como já o disse o ministro dos Petróleos em diversas ocasiões.
Se em 2017, como se prevê, o barril ficar acima dos 46 USD, como estima o OGE angolano para o próximo ano, esta diferença poderá ter um impacto significativo nas receitas fiscais e, assim, gerar um alívio nas apertadas contas públicas angolanas, bem como representar um balão de oxigénio para a contabilidade da aflita Sonangol.
Para se saber o que reserva o futuro do crude nos mercados, vai ser preciso aguardar por dia 30 deste mês, mas para saber como está hoje a reagir o petróleo a estas manifestações de optimismo, basta consultar as tabelas, onde o barril no West Texas Intermediate (WTI) está a subir 1,50 USD, para praticamente 49 dólares, e o Brent (Londres), está a meros 22 cêntimos de bater nos 50 USD, com uma subida, hoje, de 1,8 por cento.
A ajudar nesta dança nervosa, onde Angola aparece como um dos pares mais interessados no ritmo que se ouve para melhor poder dançar, estão as declarações do delegado da Nigéria na OPEP, Ibrahim Waya, que disse, citado pelas agências: "Há a certeza de que todos estão a bordo" e, por isso, "todos sabem que a parada está alta", que é como quem diz que isto agora é a doer e vai ser preciso garantir que ninguém deixa o salão de baile.
Se tudo correr bem, a partir de Janeiro de 2017, a OPEP baixará a sua produção para valores entre os 32,5 milhões bpd e os 33 milhões, subtraindo entre 700 e 800 mil bpd ao total actualmente produzido.
Para apimentar as coisas, na reunião de Viena vão estar, com os países da OPEP, outros exportadores, como a Rússia, que pode anunciar um corte em vez de congelar a produção, o que, sem dúvida, seria uma meia surpresa mas um impulso inteiro à subida do preço do barril...