Este exercício de antecipação do sobe e desce dos mercados petrolíferos, segundo a nota do norte-americano Goldman Sachs, uma das maiores casas financeiras e banco de investimento do mundo, está assente na análise às margens da refinação, que estão em valores historicamente baixos, demonstrando que os preços do barril estão sobreavaliados neste momento.

Esta análise surge num momento de clara recuperação do sector petrolífero, selvaticamente atingido pela crise pandémica, tendo mesmo chegado a perder 70% do seu valor de referências pré-pandemia da Covid-19, que começou em Dezembro, na China.

A Goldman Sachs nota ainda que os valores auspiciosos da recuperação do consumo de energia em todo o mundo, apesar de positivos, estão aquém daquilo que eram as melhores expectativas dos analistas ainda há uma semana, o que influi directamente na forma como os mercados apreciam ou desvalorizam a matéria-prima.

Este peso-pesado de Wall Street aponta para que, no curto prazo, o barril de Brent, que é o mercado de referência para as exportações angolanas, desça para a casa dos 35 USD, depois de ter, na segunda-feira, atingido os 43 dólares, uma forte recuperação alimentada pelos sinais de retoma das grandes economias em fase de desconfinamento e ainda pelos cortes acordados no seio da OPEP+ (OPEP + Rússia), no valor de 9,7 milhões de barris por dia (mbpd), primeiro entre Maio e Junho e depois prolongado até finais de Julho.

Hoje, cerca das 12:00, o barril de Brent, nos contratos para Agosto, estava a valer 40,13 USD, menos 1,68% que no fecho de segunda-feira, que já tinha sido uma sessão de queda ligeira, enquanto em Nova Iorque, o WTI (para Julho), estava, à mesma hora - de Luanda - a valer 37,42, uma perda de quase 2,2% face ao encerramento de segunda-feira.

Um elemento positivo desta análise é que o Goldman Sachs aponta para que o valor médio d barril em Londres chege no ano de 2020 aos 40,40 USD, cinco dólares acima da anterior previsão, enquanto em Nova Iorque, este valor passa de 33,10 para 36 USD.

Num último recado para os mercados, este colosso de Wall Street nota que o sector petrolífero tem como grande desafio conseguir a normalização/redução dos muitos milhões de barris em excesso existentes nos stocks das grades economias, adquiridos durante os meses de Abril e Março, aproveitando a maré de preços muito e historicamente baixos devido à crise pandémica.

Porém, como tem estado a ser sublinhado por analistas de sites especializados e ouvidos por agências, uma das principais barreiras a um melhor desempenho da matéria-prima é a indefinição do que vai fazer a OPEP+ após Julho, quando termina o acordo de cortes na produção.

Os membros do "cartel" vão ou não prolongar os cortes de 9,7 mbpd, vai ou não ser alterado este valor? A resposta a estas duas questões será decisiva.

Isto, porque a pandemia e a subsequente crise económica gerou uma perda de 30 mbpd no consumo, cavando um buraco de 30 mbpd em excesso de oferta a partir da produção pré-pandémica de 100 mbpd, enquanto os cortes em vigor apenas cobrem 10 mbpd, estando o resto dependente da recuperação do consumo, que, como agora a Goldman Sachs adverte, pode estar a ser mais lenta que o esperado.