Nos relatórios semanais sobre o sobe e desce na quantidade de petróleo armazenado nos Estados Unidos, a maior economia planetária e o maior consumidor de energia do mundo, desde finais de Maio que o sentido tem sido apenas um, a subir, graças ao sentido de oportunidade dos investidores que aproveitaram ao máximo os tempos de petróleo muito barato entre Março e Abril para encher os depósitos. E quanto mais crude armazenado, menos valor tem o barril nos mercados.
Porque o negócio do crude funciona sempre à frente no calendário, a capacidade de armazenamento nos EUA só foi levada ao limite já em finais de Maio, devido às compras de Abril, estando, desde então à espera de uma normalização que tarda a chegar.
Ou melhor, tardava, porque, hoje, o Brent de Londres, que determina o valor médio das exportações angolanas, e o WTI, em Nova Iorque, estão a reajustar agulhas e o barril, tanto no mercado europeu como no norte-americano, está a subir, desde o início das respectivas sessões, mais de 2 por cento, o que já não sucedia há alguns dias.
Tudo porque os analistas estimavam que o inventário avançado Instituto Americano do Petróleo (API) deveria mostrar uma ligeira descida nos stocks da maior economia do mundo, de 720 mil barris, mas a realidade foi outra e muito mais volumosa: o crude armazenado nos EUA desceu 8,2 milhões de barris, para um total de 537 milhões.
É por isso que o barril de Brent estava a valer, cerca das 10:00 de hoje, 42,25 USD, mais 2,75% que no fecho de terça-feira, e o WTI de Nova Iorque subia, à mesma hora, praticamente 3%, para 40,40 USD por barril.
Os analistas ouvidos pelas agências e pelos sites especializados, esta subida será ainda mais expressiva se os dados inseridos no relatório da Administração da Informação sobre Energia dos EUA (EIA), que é esperado para a tarde de hoje, confirmar os dados do API.
Um dos analistas ouvidos pela Reuters diz mesmo que o mercado porque entrar numa espiral positiva se a EIA confirmar ou engrossar os dados do API, apesar de os números sobre a evolução da pandemia da Covid-19 estarem actualmente na linha da frente das preocupações das instituições internacionais que lidam com o sobe e desce dos mercados, como o FMI ou o Banco Mundial.
A par desta inesperada queda nos stocks dos EUA, os mercados estão igualmente a reflectir os dados mais recentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que apontam para uma volumosa queda nas suas perspectivas de produção, tendo diminuído cerca de 1,9 milhões de barris entre a média de Maio e a do mês de Junho, num contexto em que o cartel tem em curso um plano de cortes para reequilibrar o mercado devastado pela crise pandémica da Covid-19.
Esta realidade sublinhada hoje pela Reuters deixa em evidência que a OPEP e a sua extensão com a Rússia para OPEP+, está a exceder o cumprimento das medas definidas no plano de cortes de 9,7 milhões de barris por dia que se deve prolongar, pelo menos, até final de Julho.