A Reunião da OPEP+, que agrega os Países Exportadores (OPEP) e 10 "não-alinhados" liderados pela Rússia, prevista para ter lugar hoje por videoconferência, foi cancelada devido a um mal-estar interno relacionado com alguns membros que não estão a cumprir a sua parte no plano de cortes definido em Abril, no montante de 9,7 milhões de barris por dia para reequilibrar os mercados afectados pela crise económica provocada pela pandemia da Covid-19.
A par deste desalinhamento com o plano, os membros da OPEP+, organização que tem na Arábia Saudita e na Rússia, os maiores exportadores do mundo, os dois grandes impulsionadores, ficou ainda a pairar sobre os mercados a dúvida sobre se esta estrutura vai ou não prolongar os cortes, inicialmente previstos para vigorarem apenas durante Maio e Junho, pelo menos até Setembro, altura em que os analistas estimam que as grandes economias mundiais estarão livres das grilhetas da pandemia do novo coronavírus.
Para já, os dois líderes ad hoc da OPEP+, Moscovo e Riade, segundo estão a relatar as agências e os sites especializados esta manhã de quinta-feira, concordaram em estender os cortes para finais de Julho, criando mais 30 dias para que as questões pendentes possam ser resolvidas internamente.
No entanto, as questões que esmagam os preços do crude por estes dias não se resumem aos humores no seio da OPEP+.
Dos EUA chegam sinais de que as notícias sobre a recuperação das grandes economias, como os Estados Unidos, que lidera a lista global, podem estar a ser ligeiramente exageradas, depois de a Agência de Informação para o sector da Energia dos EUA ter anunciado na quarta-feira um enorme aumento dos stocks de gasolina, em quase 3 milhões de barris, o triplo do que estava inicialmente previsto, enquanto os stocks de destilados tiveram, em geral, um aumento de quase 10 milhões de barris.
Isto, quando, segundo a Reuters, o consumo de fuel e de gasolina estão com perdas na procura em relação ao ano passado na ordem dos 13 e 23 por cento respectivamente, deixando claro que a recuperação rápida pós-pandémica não está a ocorrer.
E estes dados não passam ao lado dos mercados, com o Brent, de Londres, onde Angola mede o pulso ao vigor económico das suas exportações, e o WTI de Nova Iorque, estão hoje a perder parte dos ganhos dos últimos dias, com o primeiro a valer, cerca das 12:00, 39,48 USD, para contratos de Agosto, menos 0,68%, enquanto do outro lado do Atlântico, o barril, à mesma hora - em Luanda - estava a valer 36,67 USD, menos 1,66% que na quarta-feira.
Estes valores, apesar de em Londres o barril estar a valorizar bastante acima dos 35 USD, quantia de referência no OGE 2020 revisto pelo Executivo de João Lourenço, são pouco simpáticos para Angola porque a matéria-prima é ainda responsável por mais de 90% das suas exportações e por quase 40% do seu PIB.