Donald Trump, que há semanas está em intermitentes negociações com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, para forjar um acordo de paz na guerra comercial entre as duas maiores potências económicas do planeta, veio hoje a público dizer que as coisas não estão a correr bem e que, ainda esta semana, os EUA vão aplicar novas e gravosas taxas alfandegárias sobre as importações chinesas.
Com este movimento estratégico, Trump pretende levar o seu adversário ao tapete, o que se traduziria por Xi Jinping aceitar as condições da Casa Branca, que passam, entre outras cedências, por uma maior abertura da economia chinesa e a aplicação de menos taxas sobre os bens exportados pelos EUA para o gigante asiático.
Mas o resultado pode ser outro, como advertem os analistas ouvidos já hoje pelas agências internacionais, com destaque para o possível total descarrilamento das negociações, abrindo uma guerra comercial total, o que, de imediato, seria uma tragédia para países com economias dependentes das exportações de matérias-primas, especialmente petróleo, como é o caso de Angola.
E só a ameaça de Trump já provocou fortes danos, como se notou de imediato, na abertura dos mercados petrolíferos hoje, com o Brent de Londres, onde são fixados os valores médios das exportações angolanas, desceu para baixo do patamar dos 70 USD, abrindo a 69,34 USD por barril, sendo a queda semelhante em Nova Iorque onde o WTI perdeu quase um dólar e meio por barril, para os 60,57 USD.
Como sublinha a Reuters, citando um analista do London Capital Group, Jasper Lawler, esta declaração de Trump, levou os investidores a reduzirem a sua exposição aos mercados, o que significa perdas imediatas e a sua queda abrupta, como está, efectivamente, a suceder hoje nas bolas europeias, chinesas e norte-americanas.
O mesmo analista sublinhou, no que concerne aos mercados petrolíferos, que "a perspectiva de descarrilamento das negociações, que duram há meses, está a gerar fortes preocupações sobre o consumo de petróleo", porque o valor do crude depende da procura e a procura depende da vitalidade das maiores economias mundiais, que são, preciosamente a chinesa e a norte-americana.
A par do risco de menor consumo global, os EUA estão prestes a bater um novo recorde com a sua produção a chegar aos 12,3 milhões de barris por dia (mbpd), mais dois milhões que a que se registava no início de 2018.
Para esbater os efeitos deste crescendo, a OPEP e a OPEP+ (com Rússia) teriam agora de reduzir ainda mais a sua produção, visto que, desde o início deste ano, está em curso um programa de cortes que atinge os 1,2 mbpd.