As expectativas para este "meeting" passam claramente pela confirmação de um acordo entre os dois gigantes da produção e exportação de crude, a Arábia Saudita e a Rússia, no sentido de estender os actuais cortes de 7,7 mbpd por mais três meses, pelo menos, que deveriam ser revistos para 5,7 mbpd a 01 de Janeiro, como forma de lidar com os efeitos nefastos da pandemia da Covid-19 no valor da matéria-prima.

Recorde-se que, inicialmente, este encontro virtual estava previsto começar a 30 de Novembro e terminar no dia seguinte, 01 de Dezembro, mas, porque Moscovo e Riade não estavam sintonizados sobre a extensão dos cortes, foi anunciado um adiamento para o dia seguinte, quarta-feira, e, aí chegados, sem que tivesse sido possível colocar um ponto final nas discussões, os Estados-membros recorreram a novo adiamento para hoje, esperando os analistas que este encontro seja finalmente fechado com o anúncio da extensão dos cortes actuais por mais três meses.

Os 23 países que integram esta aliança estratégica denominada OPEP+ estão agora a ultimar os detalhes do novo acordo que, segundo as agências e os sites especializados, estavam dependentes das posições definitivas da Rússia, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, e no centro da discussão está a quantidade de petróleo a produzir em 2021 tendo como pano de fundo ainda os efeitos da crise económica global gerada pela pandemia mas também o anúncio de diversas vacinas para a Covid-19, algumas já activas nas próximas semanas.

Face a este cenário, onde todas as atenções estão no esperado anúncio de um acordo, e com os mercados em modo expectante, um eventual prolongamento no impasse, advertem os analistas, terá como efeito imediato uma perda de valor do barril, especialmente no Brent, o mercado de referência para as exportações angolanas.

Estes três meses de extensão dos cortes na fasquia dos 7,7 mbpd tem como pressuposto que a partir de Março de 2021, e perante um quadro de vacinação massiva da população mundial em curso, a pandemia comece a ceder e a normalidade regresse, promovendo uma forte retoma económica com igual retoma dos valores pré-pandémicos para o barril de crude, que, recorde-se, estava, a 07 de Janeiro, nos 68 USD.

Hoje, em Londres, o barril de Brent estava a valer, perto das 10:00 de Luanda, 48,6 dólares, uma subida ligeira de 0,5% face ao fecho de quarta-feira, enquanto, do outro lado do Atlântico, no WTI de Nova Iorque, o barril estava, à mesma hora, a ganhar 0,24, para 45,39 USD.

Para Angola, este valor é relativamente bom, visto que se situa cerca de 10 USD acima do valor de referência do barril para o OGE 2021, que foi de 39 USD, embora fique muito longe do necessário para que a economia possa reflorescer de novo depois de anos a fio de grave crise motivada pela baixa do valor da matéria-prima que se acentua desde 2014, ano em que o barril passou em baixa a fasquia dos 100 dólares.

O petróleo ainda é responsável por perto de 94% das exportações nacionais e por mais de 50% do seu Produto Interno Bruto, tardando a fazer efeito os esforços na diversificação da economia angolana, ainda por cima com a generalidade dos analistas a preverem um forte desinvestimento das majors no offshore angolano e os seus blocos activos claramente a perderem "gás", seja porque estão em acelerado processo de envelhecimento (esgotamento) ou porque as empresas colocaram os investimentos em stand by devido às incertezas da crise pandémica e económica.

Isto, apesar de o Executivo, através da ANPG, estar a apostar nas concessões da Bacia do Namibe e Benguela de forma a relançar a produção que está actualmente em cerca de 1,28 mbpd, e em declínio, quando, ainda há cerca de 10 anos estava perto dos 1,8 mbpd, e ter criado um novo pacote legislativo para o sector petrolífero, anunciado como mais atrativo para os investidores.