Esta nova entrada semanal em baixa, tanto em Londres, com o Brent, referência para as exportações angolanas, como no WTI de Nova Iorque, tem como razão de fundo, para além da progressão da 2ª vaga da pandemia em muitos países, a subsequente baixa da procura e o regresso esperado para os próximos dias da produção líbia, o grande produtor do Norte de África, que está há várias semanas com a produção suspensa devido ao conflito armado.

Mas é sem dúvida a menor procura, e as perspectivas nada optimistas para que a pandemia possa ser travada a fundo, com, por exemplo, uma vacina, que tarda a ser anunciada, gerando novo vigor nas grandes economias globais, que está a esmagar os preços do barril.

Hoje, perto das 11:00, o Brent, em Londres, estava a valer, para os contratos de Novembro, 39,55 USD, menos cerca de 0,80 % que no fecho de sexta-feira, que já foi um final de semana de sinal negativo para o mercado de crude, enquanto o WTI, à mesma hora, mas ainda para entregas em Outubro, estava a recuar 0,78%, paea os 37, 04 USD face ao fecho da última sessão.

Alias, esta é a terceira semana consecutiva em que o barril de petróleo segue em baixa, tendo como pano de fundo mais denso a elevada taxa de novas infecções pelo novo coronavírus e o número de desemprego a subir em várias latitudes, desde logo na Europa e nos EUA, cujas economias se estão a ressentir do regresso em força da Covid-19.

E na Líbia, chegam notícias do regresso da produção, com cerca de um milhão de barris por dia a voltarem aos mercados, depois de um mês em que o general rebelde Khalifa Haftar, se comprometeu a levantar o bloqueio às instalações produtivas do país.

Esta é mais uma questão para debate entre os membros da OPEP+, organização que junta os Países Exportadores (OPEP),, que inclui Angola, e um grupo de 10 não-alinhados liderados pela Rússia, quando se reunirem no próximo dia 17, quinta-feira, via digital.

Em cima da mesa, os membros da OPEP+ vão ter a questão dos cortes à produção, actualmente nos 7,7 milhões de barris por dia (mbpd), quando este valor era de 9,7 mbpd até finais de Agosto, tendo forçosamente de ser analisada a questão do regresso da pandemia, os efeitos na procura e a eventual tomada de novas medidas para estancar as perdas em curso nos mercados.

Mas os analistas, segundo notam hoje as agências e os sites especializados, não estão à espera de novos cortes, o que pode ser considerado o melhor cenário para Angola, porque a produção nacional já está sob pressão do "cartel" devido ao incumprimento da quota acordada entre Julho e Agosto, tendo Luanda ficado de compensar com acrescidos cortes nos próximos meses.

A contrabalançar estas más novas, está apenas a tempestade Sally, que já está sobre o Golfo do México, onde se encontram mais de 150 plataformas das grandes multinacionais do sector, que estão a suspender a produção, por precaução, umas a seguir às outras, como, alias, fizeram há cerca de um mês, por razões semelhantes, devido ao furacão Laura.

No entanto, a "Sally" não está a gerar o mesmo tipo de reacção nos mercados que a "Laura gerou, como seria normal, porque a Covid-19 é vista como uma ameaça ainda maior do lado da pressão sobre a procura.

Os mercados vão, todavia, aguardar com alguma tensão os resultados da reunião de quinta-feira da OPEP+.