A votação no Conselho de Segurança da ONU de um projecto de texto que apela a um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza foi adiada para esta segunda-feira. Esta votação ocorre depois de, na sexta-feira, Rússia, China e Argélia terem vetado uma proposta de resolução apresentada pelos Estados Unidos para um cessar-fogo imediato, no âmbito das negociações para a libertação dos reféns capturados durante o ataque sem precedentes do Hamas a 7 de outubro, em solo israelita.
No domingo, "as autoridades israelitas informaram a ONU que não aprovarão mais nenhum envio de comboios de ajuda alimentar pela Agência de Assistência aos Refugiados Palestinianos para o norte de Gaza", anunciou a UNRWA em comunicado.
O comissário-geral desta entidade, Philippe Lazzarini, manifestou "indignação" e acusou Israel de "obstruiu intencionalmente" a entrega de ajuda humanitária, como alimentos e medicamentos.
"A partir de hoje, a UNRWA, a principal tábua de salvação dos refugiados da Palestina, está impedida de fornecer ajuda vital ao norte de Gaza", denunciou Lazzarini na rede social X. "As autoridades israelitas informaram a ONU que não aprovarão mais nenhum comboio da UNRWA com alimentos para o norte [do território] ".
Para o responsável da agência da ONU, esta medida "é ultrajante" e demonstra ser "intencional" a obstrução de "assistência para salvar vidas durante uma fome provocada pelo homem".
"Estas restrições devem ser levantadas", apelou ainda.
Estando a UNRWA impedida de cumprir a sua missão em Gaza, continuou, "o tempo acelerará em direção à fome e muitos morrerão de fome, desidratação e falta de abrigo".
Também o secretário-geral da Organização Mundial da Saúde criticou esta nova medida, acusando Israel de "negar às pessoas em situação de fome a possibilidade de sobreviver".
Tedros Ghebreyesus apelou, por isso, a que esta decisão israelita seja "revertida com urgência".
Israel tem sido constantemente hostil em relação à UNRWA desde o início de 2024, após ter acusado vários trabalhadores da agência da ONU de estarem ligados ao Hamas e de terem ajudado nos preparativos dos ataques de 7 de Outubro contra Israel. Por essa razão, muitos países suspenderam o financiamento à UNRWA. Posteriormente e considerando o contexto da grave crise humanitária em Gaza, retomaram o financiamento.
Segundo a ONU, a grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza está ameaçada pela fome. A situação é particularmente grave para as pelo menos 300 mil pessoas que permanecem no norte do território, onde a entrega de ajuda é ainda mais difícil.