O anúncio foi feito por Donald Trump via redes sociais, afirmando, no Domingo, que algo de "muito grande" tinha acabado de acontecer, sem, no entanto, explicar, mas escassas horas depois o mundo ficava a saber que Abu Bakr al Baghdadi estava morto, embora a confirmação absoluta ainda não tenha sido fornecida.
E isso parece ser muito importante, até porque a Rússia, no ano passado, tinha anunciado a sua morte e isso veio a confirmar-se um anúncio precipitado.
Porém, agora, segundo Trump, os militares dos EUA que perseguiram o famigerado líder do daesh, depois deste se ter feito explodir juntamente com alguns membros da sua família, conseguiram, através de testes laboratoriais, confirmar que al Baghdadi estava, finalmente, morto.
A organização radical islâmica que em 2014 anunciou a criação do Califado, responsável por milhares de mortes em todo o mundo, mas com a maior parte registada nos territórios do norte da Síria e do Iraque, especialmente entre as populações não-islâmicas, como os Yazidis ou parte dos curdos do Médio Oriente, foi quase totalmente derrotada entre 2014 e 2018, com uma frente composta por russos, norte-americanos e os essenciais combatentes curdos do YPG, que no terreno fizeram o combate corpo a corpo com os jihadistas de al Baghdadi.
No entanto, o estado islâmico manteve até hoje um território do tamanho de alguns países europeus sob um relativo controlo, embora sem capacidade de acção terrorista, excepto através de algumas células adormecidas na Europa e nos EUA.
Com esta morte do seu líder, os analistas que estão a ser ouvidos pelos media internacionais, como a televisão do Qatar, Al Jazeera, apontam como quase impossível o ressurgimento do daesh sob qualquer forma depois do desaparecimento da sua inspiração original que era al Baghdadi.
Recorde-se que Abu Bakr al Baghdadi fundou o daesh depois de ter abandonado a Al Qaeda do Iraque, conseguindo, a partir do seu "califado", espalhar o terror em todo o mundo, sem esquecer África, como é o caso do Mali e da Nigéria, onde grupos locais como o Boko Haram, que lhe juraram fidelidade, fazendo o continente entrar na lista do terror do estado islâmico.
Com o estatuto de homem mais procurado do mundo, apesar da fragilidade actual do seu "califado", Abu Bakr al Baghdadi acabou detonando o colete com explosivos que vestia quando se encontrava, explicou numa declaração à imprensa, num túnel sem saída, perseguido pelos militares das forças especiais americanas.
Esta foi a mais mediática operação conduzida pelos EUA desde 2011, quando a 02 de Maio, numa operação similar, abateram o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, no Paquistão.
Esta operação foi entretanto co-reivindicada pelas forças curdas do YPG, que são as milícias de protecção do povo curdo, até aqui aliados oficiais dos EUA no combate ao daesh mas considerados terroristas pela Turquia, que na semana passada lançou uma invasão no norte da Síria para os desalojar de uma parte do território sírio.
O YPG mantém ainda hoje milhares de radicais do daesh nas suas cadeias e a invasão turca chegou, antes de ter sido interrompida pela interposição da Rússia e dos EUA, a permitir que algumas centenas conseguissem fugir.
No entanto, agora, sem o seu líder inspirador, este movimento, que foi um dos mais mortíferos de sempre, poderá ter chegado ao fim, embora seja expectável que em breve, como sucedeu com o anúncio do surgimento do daesh após o fim da Al Qaeda, possa surgir um outro movimento com os mesmos objectivos.