Os "episódios de violência", que já resultaram em dezenas de mortos e centenas de feridos, além de inúmeras detenções em manifestações que se estenderam a todo o país, mas com especial ênfase em Maputo, são o foco principal desta posição da liderança rotativa da CPLP.

No mesmo documento é feito um pedido sonoro para que a "moderação, responsabilidade e respeito pelo direito à manifestação pacífica" sejam prioridades do Governo moçambicano e das suas forças de segurança.

Tudo, porque é do confronto entre manifestantes, na sua generalidade saídos à rua para responder aos apelos do candidato Venâncio Mondlane, que não aceita os inexplicáveis resultados das eleições gerais de 09 de Outubro, que estão a emergir tantas mortes e feridas sociais.

A CPLP quer que Moçambique, um Estado fundador desta organização lusófona, se esforce por respeitar o direito à manifestação pacífica e pelo Estado de Direito, condições que estão claramente e causa face ao volumoso e trágico resultado da acção policial contra os protestos.

O diálogo deve ser a ferramenta única para ultrapassar as divergências, conclui o documento da presidência da CPLP.

Desde 24 de Outubro, data da divulgação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições de Moçambique, que deram uma muito contestada vitória total e absoluta à FRELIMO; com o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, a obter mais de 70% dos votos, uma maioria absoluta no Parlamento e todas as 11 províncias, o país vive uma sucessão de protestos.

Protestos (ver links em baixo) que Mondlane promete manter depois de um breve intervalo, anunciado na semana passada, de forma a permitir ao Conselho Constitucional, derradeira instância de recurso, pronunciar-se definitivamente.

O já pesado atraso no anúncio do "veredicto" está a gerar forte expectativa, mas, segundo os media locais, em causa está a dúvida suscitada pela observação de diferenças substanciais entre os números de eleitores presidenciais, parlamentares e locais, considerando que todos os eleitores recebem três boletins de voto.

Mas, a esta discrepância difícil de explicar, as oposições juntam ainda a soma feita a partir das actas das mesas de voto colocadas junto a estas, que dão resultados substantivamente distintos dos oficiais divulgados pela CNE, dando ideia de uma fraude generalizada.

Fraude essa que a própria CPLP viu sinais de ter acontecido no documento final resultante do trabalho de observação presencial feita pela organização lusófona.