Esta decisão, que apanhou de surpresa os negociadores norte-americanos, foi tomada imediatamente a seguir à ordem do Presidente Donald Trump para que as sanções impostas por Washington há duas décadas fossem prolongadas por pelo menos mais três meses.
Isto, depois de a anterior Administração de Barack Obama ter optado por um levantamento temporário, por seis meses, dessas prolongadas sanções ao regime de Bashir, um dos mais visados pela comunidade internacional devido ao seu alegado envolvimento no terrorismo internacional, como ficou claro quando há alguns anos o país acolheu o líder da Al-Qaeda Bin Laden, durante cinco anos, até 1996.
Agora, perante este cenário, pontuado pelo adiamento por três meses, pelo menos, para o levantamento definitivo das sanções, o Governo de Omar al-Bashir (na foto) parece ter perdido a paciência e interrompeu as negociações.
A somar aos factores que estão a desafiar a paciência de Bashir está a famora ordem executiva assinada por Donald Trump em Março deste ano, a impedir a entrada nos Estados Unidos da América de todos os cidadãos de seis países muçulmanos, incluindo três africanos, nomeadamente o Sudão.
Como as autoridades de Cartum têm vido a sublinhar, as sanções norte-americanas têm servido para dificultar o desenvolvimento e a economia do país, nomeadamente na assistência às comunidades mais vulneráveis, mesmo depois da separação recente do Sudão do Sul, onde estava concentrada a grande maioria dos problemas sociais do país.
Face a este cenário, e depois de Washington ter emitido sinais claros de que poderia abrandar significativamente as sanções, existindo mesmo a indicação de que poderiam ser levantadas integralmente, ao Sudão bastaria cumprir cinco exigências, com destaque para três: apoiar os esforços internacionais no combate ao terrorismo, acabar com o conflito no Darfur, que já provocou dezenas de milhares de mortos devido aos combates e à fome e ainda garantir a abertura de corredores humanitários seguros para as organizações internacionais acederem aos locais onde ocorrem severas crises humanitárias.
Sem o levantamento das sanções norte-americanas, Cartum está impedida de aceder ao sistema bancário global, tem o investimento externo condicionado e a sua moeda impedida de circular internacionalmente.
No entanto, esta decisão pesada de Bashir surge com o conforto permitido por uma parte importante da comunidade internacional, nomeadamente alguns países europeus e instituições internacionais, que afirmam que o Sudão cumpriu satisfatoriamente as cinco condições impostas por Washington para o levantamento definitivo das sanções.
"Lamentamos esta decisão dos EUA, que surge num komento em que os dois países desenvolvem conversações há muito tempo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Ibrahim Ghandour, citado pelas agências internacionais.