Há, certamente, muitos desafios e inúmeros assuntos que constam das prioridades nacionais e é tarefa de todos procurar soluções que permitam que, conforme consagrado na lei constitucional, todos os cidadãos possam viver num ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de o defender e preservar. Para tal, citando a nossa constituição, é tarefa fundamental do Estado "promover o desenvolvimento harmonioso e sustentado em todo o território nacional, protegendo o ambiente, os recursos naturais e o património histórico, cultural e artístico nacional".

Nos últimos anos, nota-se um crescimento de actividades que perigam a nossa fauna e flora: as queimadas ilegais, a caça furtiva, o tráfico de marfim, o derrube de floresta primária, a morte de espécies ameaçadas como a palanca negra gigante, as tartarugas marinhas, os manatins, sem, contudo, se notar maior responsabilização criminal dos prevaricadores. Não podemos estar a conduzir em contramão.

De pouco serve aprovar diplomas legais sustentados nas premissas da constituição e aderir a acordos internacionais para depois não os implementar. Embora a educação e a sensibilização devam ter sempre prioridade na protecção dos nossos recursos naturais, não podemos ter legislação que sirva apenas para dar corda a uma justiça que privilegia uns crimes em detrimento de outros.

O desenvolvimento de Angola deve estar assente nos princípios do desenvolvimento sustentável onde o crescimento económico deve estar equilibrado com a justiça social e a conservação ambiental. Devemos reconhecer que os recursos são finitos e que as próximas gerações também têm direito de satisfazer as suas aspirações e necessidades.

Não podemos hipotecar o futuro com indecisões, hesitações. Hoje são os tubarões e os imbondeiros. No passado recente, foram os pangolins, os chimpanzés, os elefantes, o pau-rosa, o mussivi. E amanhã o que será?