Mas os miúdos não têm medo (os miúdos só sabem ser miúdos), um dia depois da escola debaixo do imbondeiro com um calor abrasador e um cheiro a peixe convidativo os miúdos desviaram da rota de casa e correram para a KATATA.

Perderam-se na emoção, e lá se foi a noção do tempo. Chapinharam, a água estava abusadamente azul e limpa, tal como o céu. - Xé, mano. Olha então o tempo! Vão nos dar uma surra das grandes. (passado mais duas horas) Secaram-se, vestiram as roupas, mochilas nas costas (subindo a montanha) e toca a matutar uma desculpa de ainda estarem fora de casa: - Vocês então, hum...deviam estar na horta a ajudar o avô!! Passou a vizinha com um olhar repreensivo. Os miúdos ficaram com mais medo, cheios de salitro no corpo, rezavam para o avô ainda tar na kapina e não os apanhar em flagrante (o avô quando ficava chateado, não vale a pena!) ...entraram no bairro, todo mundo os olhava como os indisciplinados.

Para azar deles o avô estava lá fora no quintal com ar de poucos amigos, chateadíssimo e com uma colher de pau pronta para os surrar...!!! Os miúdos tiveram que puxar pela criatividade: - Avô, nem te conto sabes o que nos aconteceu... (...) Mentiras, mais mentiras o mais velho só disse: Aí é, aconteceu-vos tudo isto? Não há problema. Pegou de repente na roupa dos miúdos, colocou bem perto da boca e, tirou todas as suas dúvidas. Pois bem! Com que então, vocês tiveram aulas de educação física no mar? Vocês pensam que eu bem mais velho sou criança. A me aldrabarem desta maneira? Vocês foram é na KATATA, tufas%%#=$& (com a colher de pau), os miúdos ficaram mansos.

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*Indira Santos, mais conhecida por Indira Grandê, nasceu em Benguela (1992). Artista, comunicóloga, marketeer, cantora, escritora e poetisa angolana, é licenciada em Ciências da Comunicação na Universidade Autónoma de Lisboa.