Em Angola, na altura da epidemia do Vírus de Marburg, alguns indivíduos originários da região mais alastrada sofreram com ataques de bulying e com teor tribalista; hoje fala-se dos estrangeiros, os que detém os monopólios; recorre-se a Adam Smith para se dizer que o povo, por última instância, terá de pagar pelo pacto social falhado a que foi confinado durante trinta e oito anos o seu salitro, o esqueleto.
Por outra, o vírus conseguiu colocar-nos todos na mesma moeda (ou não?) e, por mais que divulguemos listas e denunciemos anormalidades em praça pública, a luta é comum; contudo, a empregada de limpeza, a quitandeira... «os operários» manter-se-ão expostos - alguns sem salário porque a solidariedade não toca a todos. Enquanto escrevo, a humanidade está vulnerável e mais uma família perde um ente querido... e o medo vai-nos deixando escapar atrocidades como: "cuidado com o Chinês Y, parece que come e faz isto... e os tugas vivem no sítio X... será que nos apercebemos? Prevenção. Sim! Lavemos todos as mãos, é claro, mas não haverá limites da liberdade de expressão? Como manter este equilíbrio entre a informação e opinião em tempos de crise Pandémica. Meus compatriotas, não estejamos ausentes da responsabilidade social a quanto da vinculação de informação - serviço público deve ser pautado de rigor discursivo e ético.
Há uma necessidade de o homem atribuir culpados ao seu estado social e o populismo é a avalanche que se alimenta do medo, amigo íntimo da instabilidade e discursos extremados, crises económicas, perda de poder e, agora, a mais recente ameaça à escala mundial - coronavírus.
Fala-se de um Estado de Emergência. Que impacto social terá? Garantir-se-á água e luz sem falhas às comunidades longínquas e as cidades. Quem fiscalizará? A paralisação dos mercados informais e de todas as actividades de zunga implica medidas de apoio às famílias. O Estado terá capacidade ou mesmo a sociedade civil e o empresariado angolano para dar este apoio? Os idosos em estado de isolamento, como serão apoiados a nível nacional? O mesmo para os meninos de rua, os mendigos, os inválidos e tantos homens do nosso país sem tecto. Estes angolanos merecem também dignidade! Uma citação importante de Bertrand Russell: "(...) A atmosfera do medo atira os homens para a superstição e para as formas de intolerância que aumentam o perigo em vez de o diminuírem". A pandemia é um problema de segurança nacional e à escala global. Manter a serenidade, meus compatriotas, lavemos as mãos e usemos este período de isolamento para reflexão e que haja maior solidariedade nacional/internacional.