Partindo do pressuposto de que os media estatais - que incluem a Angop, a TPA, a RNA e o Jornal de Angola - estão a tratar de forma desigual os diferentes candidatos, com larga vantagem para o cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE diz que, para já, está a dialogar com estes meios de comunicação social, mas não descarta uma mudança de estratégia.
Um dos exemplos avançados, na conferência de imprensa que a CASA-CE convocou para exprimir o seu descontentamento, que, segundo a segunda maior força política da oposição demonstra cabalmente a desigualdade de tratamento, são as quase três horas dedicadas ao candidato do MPLA e os cinco minutos às actividades da oposição, referindo-se à TPA e à RNA, os únicos onde a cobertura pode ser medida em tempo.
Este exemplo foi avançado por André Mendes de Carvalho, vice-presidente da coligação, que lembrou que não serve de justificação tratar-se do anúncio de um pré-candidato, "porque a figura de pré-candidato não tem qualquer cobertura legal" e que a massiva cobertura a que o anunciado candidato a Presidente da República, João Lourenço, está a merecer por parte da comunicação social pública "viola a Constituição e a Lei dos Partidos Políticos".
É por tudo isto, como notou na mesma ocasião o também vice-presidente da coligação eleitoral, Manuel Fernandes, que se exige "uma mudança de atitude" perante o "tratamento desigual e discriminatório às demais formações políticas", nomeadamente a CASA-CE.
Em termos concretos, a CASA-CE, para começar, exige que as suas actividades calendarizadas para a província de Benguela, tenham o tratamento na comunicação social do Estado que idênticas iniciativas do MPLA mereceram.
Esta formação política, que tem como candidato a PR o seu líder, Abel Chivukuvuku (na foto), não reconhece como justificação para o distinto tratamento entre candidatos o facto de João Lourenço ter sido o primeiro a ser apresentado como cabeça de lista e, concomitantemente, candidato à Presidência da República, porque o MPLA já deu a conhecer oficialmente a sua lista de candidatos a deputados, sendo o primeiro nome desta constitucionalmente o candidato à chefia do Estado.
Por não admitir que o anúncio de um pré-candidato, como aconteceu com João Lourenço no Lubango, a CASA-CE que a sua actividade agendada para Benguela com igual destaque nos media estatais.
"Vamos a Benguela e a nossa expectativa é que a cobertura que foi dada ao candidato do MPLA seja conferida também ao candidato da CASA-CE, que vai à Benguela numa jornada política, com acções de massa e com comícios", lembrou Manuel Fernandes, na conferência de imprensa realizada na quarta-feira, sublinhando que espera ver esta deslocação com igual tempo de cobertura e iguais entradas em directo por parte da Televisão Pública de Angola e pela Rádio Nacional de Angola.
Estas críticas à comunicação social estatal são também partilhadas pela maior parte da oposição, com destaque para a UNITA, que tem sobressaído nas acusações de parcialidade aos media públicos pela forma como discriminam negativamente os partidos e os candidatos da oposição face ao MPLA e ao seu candidato, João Lourenço.