José Eduardo dos Santos deixa a presidência do MPLA "enfraquecido", tendo em conta que "pendem sobre ele factos como o promotor da corrupção, do nepotismo, da intolerância política e da má gestão, de um conjunto de situações que qualificam aquilo que foi a sua gestão", destaca o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala.
Em entrevista à agência Lusa, o também secretário para as Relações Exteriores do "Galo Negro" assinala ainda que o ex-Chefe de Estado "sempre alimentou a vontade de procurar manter-se no poder por todos os meios que tinha ao seu alcance", intenção que, a seu ver, "ficou mais vincada com a imposição da Constituição de 2010 [sem votação nominal para o cargo de Presidente da República], que, naquela altura, ele próprio considerou atípica".
Alcides Sakala acrescenta que "os líderes têm de saber entrar e sair, oportunamente", defendendo que José Eduardo dos Santos foi "forçado pelos ventos da História" a afastar-se, circunstância que concorre para o reforço dessa imagem "enfraquecida".
Já o vice-presidente da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, que também falou à agência Lusa, destaca que apesar do contributo positivo do ex-Presidente da República para o país - "[José Eduardo dos Santos] fez muito. Essencialmente foi aquele que trabalhou para assegurar a estabilidade política, a paz e começou a trabalhar para a reconciliação nacional, que é uma obra não terminada" -, a balança do seu consulado "pende para aquilo que ele fez de ruim".
"Hoje, todos nós estamos convictos de que a propaganda que dizia que o país tinha rumo, afinal, não tinha. Estávamos completamente num poço. Bastou o petróleo baixar e tudo veio ao de cima. Daí que vai deixar o país numa situação extremamente difícil", lamenta o responsável.
Prosseguindo com o diagnóstico, Lindo Bernardo Tito salienta que José Eduardo dos Santos deixa Angola "com níveis altos de pobreza, desemprego, e falta de serviços essenciais", mesmo depois de ter gerido muitos recursos públicos.
"!Sabemos todos nós que geriu o país num momento em que o petróleo estava com um preço altíssimo. Enfim, não foi um bom gestor", rematou.