Discursando perante, cerca de 120.000 pessoas, segundo números da organização, o candidato do MPLA à eleição indireta para suceder a José Eduardo dos Santos como Presidente da República aproveitou para - sem nunca dizer o nome do maior partido da oposição -, criticar o Governo de "inclusão" proposto pela UNITA caso vença as eleições.
Para o também vice-Presidente do MPLA, no poder desde 1975, a proposta do histórico adversário explica-se porque os dirigentes da UNITA "têm a consciência que não vão vencer as eleições" e que não querem ser esquecidos, apontando a propósito o governo de reconciliação, com membros do partido do "galo negro', constituído em 1994, após as eleições falhadas de 1992.
"Estão a dizer para não se esquecerem deles. Que façam deles ministros, embaixadores. Mas as circunstâncias agora são outras e nós já não estamos naquele período de 1992/1994", ironizou João Lourenço.
O candidato afasta acordos com a oposição, após as eleições de 23 de Agosto, acreditando ser possível renovar a maioria qualificada, de dois terços dos votos, conquistada pelo MPLA nas eleições de 2012, então com José Eduardo dos Santos como cabeça-de-lista.
"Então vocês dizem: MPLA, governe. João Lourenço, governe. Está aí uma maioria qualificada para você poder governar, e você vai chamar os perdedores? Nas democracias isto não acontece, porque é que em Angola há-de ser diferente? Não tem que ser diferente. Não será diferente porque os angolanos vão-nos dar essa maioria qualificada que nós necessitamos", disse João Lourenço.
O candidato concentrou grande parte do discurso de mais de uma hora, no terrado junto à estação de caminhos-de-ferro de Malanje, para apelar ao voto, confiando na eleição generalizada de cinco deputados (máximo) pelos 18 círculos provinciais, a que acresce o somatório da votação para o círculo nacional, que define o cabeça-de-lista eleito para Presidente da República.
"Será com esta combinação de 5-0 em algumas províncias e quatro noutras que nós vamos chegar à maioria qualificada de dois terços. E vamos depois do dia 23 deste mês, depois de constituído o Governo, governar para todos os angolanos, sem termos de chamar, necessariamente, de Governo inclusivo. Porque qualquer Governo é já em si inclusivo, qualquer Governo governa para os cidadãos", apontou.
Em Malanje, o candidato voltou a colocar a prioridade na agricultura, assumindo que aquela província pode ser o celeiro de Angola, prometendo para isso apoio ao investimento privado, desde logo na instalação no País de uma indústria de alfaias agrícolas e montagem de tractores e defendendo a aposta na cultura local do girassol, do açúcar e do algodão.